29 de março de 2011

Vasco da Gama, Primeiro Campeão Mundial de Beach Soccer!!!

O Boteco do Valente faz toda questão de parabenizar a equipe do Vasco que no último final de semana conquistou o 1º Mundialito de Clubes de Beach Soccer.


Apesar de a mídia global babar desenfreadamento o ovo do Corinthians que contava com Buru (que até a semana anterior ao torneio era da equipe do Vasco e trocou sem mais nem menos) e Benjamin, nossa equipe mostrou na fase final a qualidade do atual campeão do torneio Rio-São Paulo, desbancando o favorito Corinthians, eliminando o Flapeido e derrotando na final o bom time do Sporting de Portugal. O Vasco da Gama sagrou-se campeão do Mundialito de Futebol de Areia, o torneio de beach soccer disputados às margens da represa de Guarapiranga, em São Paulo. 

Na grande decisão, o time da Cruz de Malta venceu com autoridade o Sporting de Portugal por 4 a 2 e ficou com a taça, comprovando que quem manda nas areias são os cariocas.

O Sporting abriu o placar com Fernando DDI, mas Bruno Xavier empatou o placar ainda no primeiro tempo e Rafinha colocou os vascaínos na frente no finalzinho da etapa inicial.

Na volta do intervalo, o uruguaio Pampero desviou de cabeça sobre o arqueiro adversário e fez o terceiro, mas Belchior reduziu o placar, deixando a partida aberta. Mas a cereja do bolo veio com Betinho, que fez o quarto e confirmou o título para os cariocas.
É o Vasco mais uma vez mostrando que sempre é pioneiro em todos os aspectos!

Parabéns ao nosso capitão Jorginho, ao Betinho (sempre seguro na defesa), Bruno Xavier (Vascaíno!), Rafinha e todo o time! Um parabéns especial ao Jr. Negão, ícone do esporte, que está com o Vasco há anos no Beach Soccer!

Saudações Vascaínas!

Fortunato Rocha Lima: a paciência acabou!

Cinco “fogueiras” alimentadas por pneus e tudo mais o que se podia encontrar. Além de interditar a via, a altura da fumaça preta, que podia ser avistada a quilômetros de distância, foi a maneira encontrada por moradores de três bairros bauruenses cortados pela rua Laudze Garcia Menezes para chamar a atenção das autoridades e pedir mais segurança. No último sábado, pai e filha morreram atropelados na rua, que funciona como marginal da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, a Bauru-Marília.

Na ocasião, o coletor de recicláveis Valdecir Monteiro, que completou 48 anos exatamente no dia da tragédia, e sua filha caçula Gabriela, de apenas 4, foram atingidos por um Renault Clio conduzido por Joyce Aparecida de Oliveira, 20 anos. Com a morte de ambos, a população, que já viu acidente semelhante no fim do ano passado, deu para  as autoridades locais uma verdadeira mostra de organização popular,  explondindo toda a sua revolta para fora e pedindo mais sinalização e segurança.

Ontem, o posicionamento revoltoso ficou mais quente, literalmente. Em cinco pontos da rua em questão, os moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado fizeram barricadas com fogo. Como combustível para as chamas utilizaram pneus, galhos, colchões, panos, entre outros objetos.

Sob os gritos de “queremos lombada” e “justiça a Valdecir e Gabriela” (as vítimas fatais do fim de semana), a população se aglomerava por todos os segmentos da rua. A posição de todos era unânime em pedir obstáculos a fim de reduzir a velocidade dos automóveis que passam pelo local.

Maria Aparecida da Silva tem 23 anos. Desses, 12 viveu em uma residência nas proximidades da Laudze Garcia Menezes. “O movimento de carros é muito grande. E eles passam correndo demais. Existem escolas e igrejas e é muito perigoso. Não aguentamos mais esse tipo de acidente e, por isso, viemos protestar”, desabafa.

Segundo ela, o fluxo é constante em diversos horários, porém, há picos de maior movimentação. “O pior horário é depois das 16h e durante todo o fim de semana. Nessas horas, fica um movimento enorme aqui. Como não tem lombada, o povo corre mesmo”.

Fátima Benedito Lisboa, 43, mudou-se há menos de um ano para o Parque Jaraguá e já percebeu o tamanho do risco concentrado na via. “Tenho uma filha de 7 anos. Não aguento mais isso. É uma preocupação enorme. Tem carros que passam a 140 km/h. É um absurdo, principalmente porque a quantidade de crianças aqui é muito grande”.

Fora o fato de que há um grande número de crianças circulando pela rua Laudze Garcia Menezes. Segundo apurado, o limite máximo de velocidade na via é de 40 km/h.Segundo os moradores, a periculosidade da rua Laudze Garcia Menezes sempre foi uma grande preocupação. De acordo com Solange da Silva, 43 anos, presidente da associação de moradores do Parque Jaraguá, foram feitos vários pedidos de lombadas ao local. “Faz três anos seguidos que estamos mandando abaixo-assinado e pedindo mais segurança aqui. Mas ninguém faz nada. Pedimos lombada, mas falaram que aqui é uma ‘rua morta’ e que não precisava. Como não precisa? Nessa área, contando aqui e a rodovia, já foram oito mortes este ano”.

A presidente da associação adianta que protestos como o de ontem vão continuar até que uma atitude seja tomada. Para hoje, outra “queima de pneus” está agendada para as 16h na via, em frente a uma igreja no Jardim Eldorado. Apesar do tom sério do protesto, outra moradora ainda se refere ao problema da dengue em Bauru (que o nosso “secretário municipal” de Saúde finge não ver, ou não está nem aí para isso) para mostrar que a ação não terminou ontem. “Se depender da gente, vamos resolver esse problema da dengue também, porque vamos queimar todos os pneus que estão juntando água parada na cidade”, alfinetou Maria Aparecida da Silva.


Solange da Silva, presidente da associação, é ainda mais incisiva ao apontar que, caso algo não seja feito, as ações serão intensificadas. “Se ninguém fizer um obstáculo, nós é que faremos. Se o fogo não resolver, vamos quebrar o asfalto e os carros vão ter que passar mais devagar”, completa, em tom de promessa (está mais do que apoiado!).


Por conta do protesto e das barricadas de fogo feitas na rua Laudze Garcia Menezes ontem, cinco viaturas da Polícia Militar (que deveriam estar atrás de criminosos de colarinho branco, e não do povo que reivindica seus direitos!) e outra unidade do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão no local. A orientação era apenas preventiva. Segundo os bombeiros, além de haver o perigo da propagação do fogo pelo mato e residências nas proximidades, o fato mais preocupante era a extensa fumaça preta originária dos pneus queimados.

O vento carregou todo resíduo para cima, entretanto, o alerta era para uma possível mudança que levaria a fumaça para a rodovia. Com esse fato - que felizmente não ocorreu -, a visibilidade dos motoristas poderia ser prejudicada e novos acidentes poderiam ter ocorrido.

A PM também, de forma preventiva, acompanhou o protesto à distância (se viessem o bicho ia pegar). Como foi apenas uma manifestação pacífica, nenhuma atitude foi tomada pelos policiais (e o medo deles? Isso não conta?).
 
Na noite de ontem, o “presidente” da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Nico Mondelli, declarou que será concluído um estudo para analisar os pontos que necessitam de lombadas no local. Todavia, afirmou que “serão pintadas faixas amarelas de sentido duplo na rua” e que vai conversar com o prefeito Rodrigo Agostinho (que deveria deixar de ser bunda-mole e ter ido lá ver pessoalmente a situação da rodovia!) para que “a área seja tratada como prioridade e que seja agilizada a implantação de algumas lombadas na via”.

Em relação aos radares, o presidente da Emdurb disse que a possibilidade é remota, pois “não há essa necessidade”. Durante o protesto de ontem, os moradores também exigiram calçadas, uma vez que elas não existem em nenhuma das margens da via. O secretário municipal de Obras, Eliseu Areco, disse que vai analisar a questão para saber de quem é a responsabilidade.

“Ao longo daquela rua, existem três setores envolvidos: os moradores, que são os particulares; a prefeitura e o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Iremos verificar de quem é a responsabilidade em cada parte daquela área para tentar resolver o problema”, informou.

Quiçá houvesse mais manifestações, ocupações, mais confronto com a ordem estabelecida! Assim estaríamos avançados no movimento popular, mas um militante popular não pode esconder seus objetivos. Aprendemos pela dor, na vida política, que ou se é santo, ou se é ladrão, pois não dá para acender uma vela ao santo e outra ao diabo. Todo apoio aos moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado, todo apoio ao povo do  Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá , Jardim Eldorado e região! Venceremos! Para encerrar, citarermos um pensamento, uma “máxima” do marxismo, nas palavras do próprio Marx:

“Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e suas intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda ordem social existente!”

Violência, isso, violência, aquilo... Democracia não se faz assim.... Tem de ser dentro da lei... blá...blá...blá... Chega!! Chega de hipocrisia! Chega de atacar os pobres quando estes se levantam. Devem reagir com violência sim, nem que para isso seja preciso fazer como fez a galera do Movimento de Libertação dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MLST, que  é um movimento pequeno, mas com muita força, e foi criado a partir de uma dissidência de integrantes do MST, na década de 1990, atuando essencialmente nos estados de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, quando em 2002, invadiram o Congresso Nacional, a dita“casa do povo”,  e vendo a ação dos quase 500 trabalhadores do movimento, que ao serem barrados pela segurança do congresso resolveram exercer o seu direito de entrar lá na marra, como afirmou o Sr. Aldo Rebelo(PC do B-SP), com a sua boca de caçapa, que “o Partido Comunista do Brasil, que apóia e sempre apoiou a luta dos trabalhadores rurais por suas justas bandeiras, vem a público repudiar os atos de violência e vandalismo perpetrados, na tarde de hoje, na Câmara dos Deputados. Atos dessa natureza --inconseqüentes e irresponsáveis-- se voltam contra o próprio interesse dos trabalhadores e de seus movimentos. Ao mesmo tempo, o PCdoB apresenta sua solidariedade e respaldo ao presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, por suas ações em defesa do Poder Legislativo”  (vai lamber sabâo ,Aldo!), e anida por cima,  foram presos e mais uma vez, se criminalizou o movimento social, sendo que na verdade a pauta do MLST era extensa, e eles tinham uma carta a ser entregue aos deputados, entre as reivindicações o fim da lei que impede a reforma agrária em terras ocupadas. Mas como sabemos, o Congresso, ou melhor, o Chiqueiro Nacional é um lugar “íntegro”, de justiça, de aplicação das leis e deve manter a ordem, ou seja , tem sim que reagir à violência cotidiana, nem que precise arrebentar  com paus e pedras a Câmra Municipal de Bauru e afins, e a falta de direitos!! A classe média critica aqueles que comentem ações “não-civilizadas”, mas que santa hipocrisia, criticar a cidadania daqueles que não têm direitos! O corajoso protesto dos moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado,  é, na verdade, uma reação à condição que vivem milhões de brasileiros da periferia de Bauru, que são tratados como criminosos por serem corajosos e desafiarem de peito aberto a ordem! Ordem da exclusão!

23 de março de 2011

HABEAS PINHO (Ronaldo Cunha Lima)

Em 1955 em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a PM e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta. Ele peticionou em Juízo, para que fosse liberado o violão.  Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste. Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal. O Boteco do Valente traz pra você a famosa petição:

HABEAS PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito
Arthur Moura
 da 2ª Vara desta Comarca

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dôres?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima
advogado.

O juiz Arthur Moura, sem perder o ponto, deu a sentença no mesmo tom:

Para que eu não carregue remorso no coração,
Determino que seja entregue ao seu dono,
Desde logo, o malfadado violão.

Recebo a Petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no cartório, um violão.

Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo em sombra imerso
É desumana e vil destruição
De tudo, que há de belo no universo.

Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte à rua, em vida transviada
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de lua, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.

Independência? Que Independência?

Uma meia verdade, é pior do que uma mentira completa, pois deixa dúvidas e atrai a desconfiança. Descobrimento do Brasil – Independência – Abolição dos Escravos – Morte de Tiradentes enfim, a história do nosso país esta repleta de meias verdades. Ouvi em bancos escolar, que nosso futuro Imperador D, Pedro (e isso você também deve ter ouvido), não parou às Margens do Riacho Ipiranga, com o propósito único de dar o famoso grito ( a quem diga que esse grito nem aconteceu), parou para...bem..., estava com dor de barriga e precisava ir pra trás da moita dar uma cagada histórica, só por essa razão, que alguns fatos ocorreram alí naquele sitio. Não está no texto abaixo; mas entre as meias verdades, existe uma VERDADE, que não encontramos nos livros escolares; Uma divida contraída com a Inglaterra, e que o Brasil levou mais de 100 anos para pagar (E nisso,D, Pedro quase  vendeu até mesmo as suas cuecas reais para pagá-la), dívda esta contraída por Portugal, e que entrou no acordo para que houvesse a nossa “INDEPENDÊNCIA” ....Denomina-se “(In) dependência”  do Brasil o processo que culminou com a emancipação política do Brasil do reino de Portugal, no início do século XIX. Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, quando ocorreu o episódio do chamado “Grito do Ipiranga”. Na verdade, a história da “independência do Brasil” não é tão poética e romântica como é mostrada em alguns livros clássicos de história do Brasil. Basta observar, no Museu do Ipiranga, em São Paulo,o célebre quadro do pintor paraibano Pedro Américo, retratando o dia 7 de setembro de 1822,parecendo um anúncio de desodorante, com aqueles sujeitos levantando a espada para mostrar o sovaco, que diga-se de passagem, nem o boiadeiro, no canto do quadro, deveria estar aguentando com tamanho cecê de um bando de machos, misturado ao fedor de cavalos molhados,  que embora o autor do quadro tenha o pintado anos depois, sei lá se sem querer, mas o pintor acabou revelando a mentira que foi a tal da independência do Brasil. Observe no encontro das tropas. A tropa  portuguesa vem ao encontro da tropa de D. Pedro, uns estão com espadas erguidas (para simular uma luta que não ocorreu) e outros soldados estão com CHAPÉUS EXTENDIDOS. Eles estão saudando uns aos outros como que celebrando a farsa que teria dado certo. No dia em que visitei o museu da Independência no Ipiranga mostrei aos alunos a farsa. Enquanto as tropas se saudavam, uns peões observam bestializados sem entender bulhufas o que estava acontecendo, à direita do quadro um negro de chapéu e roupas simples à frente o carro de boi olha atônito. Deve ter se perguntado: “O que será que está acontecendo”? Na verdade não estava acontecendo nada, eram apenas as tropas “inimigas” se saudando. Não houve derramamento de sangue, não houve uma revolução nem uma guerra, não houve combate que justificasse o dia da Independência. Mas o mito do herói é fortíssimo na cabeça do brasileiro que acredita mesmo que D. Pedro teria traído a sua pátria. Jamais. Tudo não passou de um jogo político entre as elites compostas de proprietários rurais e comerciantes que vinham pressionando D. Pedro para que fizesse ele sozinho mais uma minoria a Independência do Brasil. Foram cerca de 8 mil assinaturas recolhidas no abaixo assinado feito por José Bonifácio entregue a D. Pedro em 29 de novembro de 1821, com certeza não havia assinatura de escravos nem de pobres brancos, não havia a assinatura do índio nem das mulheres (independente da classe, as mulheres estavam fora das discussões políticas da época), enfim, aquelas assinaturas eram de apenas 2% da população da época, porque, 98% estava excluída de qualquer processo ou tomada de decisões importantes para o país. Portanto, a independência é uma farsa, uma mentira que as elites conseguiram passar para a população como verdadeira. Há um livro de Humberto Eco e Marisa Bonazzi que fala dos atos de heroísmo mentirosos, forjados para iludir as pessoas. A obra deixa bem claro que para enfiar o sentimento patriótico goela a baixo de um povo há relatos de cenas incríveis de soldados que na guerra acionava o gatilho até com os dentes, claro que era um exagero. As mesmas mentiras permeiam o mito da independência brasileira, as mesmas mentiras permeiam os nossos heróis. Mas um povo IDÓLATRA e alienado não consegue enxergar essas mentiras por trás do mito, não aprendeu a ler essas mentiras nas entrelinhas da História mal contada e pessimamente ensinada nas nossas escolas de ensino fundamental e médio.





Tudo começou com a transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil, com início em 1807, na histórica “fuga da corte real portuguesa para o Brasil”, promovida pela ascensão do Império de Napoleão Bonaparte que se mobilizava para Portugal. Em uma estratégia, pensada e planejada para evitar que a família real portuguesa fosse aprisionada e obrigada a abdicar, como iria acontecer com Fernando VII e Carlos IV da Espanha, toda a corte portuguesa, incluindo o príncipe-regente D. João VI, fugiu para o Brasil, instalando o governo português no Rio de Janeiro em 1808. Nessa transferência cerca de 15 mil portugueses chegaram ao Brasil, contemplando praticamente todo o quadro do governo português, além de muitos nobres, comerciantes ricos, juízes de tribunais superiores e outros burgueses.

Os membros da família real foram alojados em três prédios no centro do Rio de Janeiro, entre eles o paço do vice-rei Marcos de Noronha e Brito, conde dos Arcos, e o convento das Carmelitas. Os demais agregados espalharam-se pela cidade, em residências confiscadas à população assinaladas com as iniciais “P.R.” (“Príncipe-Regente”), o que deu origem aos trocadilhos “Ponha-se na Rua” e “Prédio Roubado”.

Após a derrota de Napoleão, na sequência da Revolução de 1820 (Revolução Liberal do Porto) em Portugal, D. João VI e sua Corte voltaram à Portugal, restabelecendo em Lisboa a capital, voltando o Rio de Janeiro a ser de novo uma cidade colonial, deixando como Príncipe Regente no Brasil o seu filho Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (recebendo, posteriormente, o título de primiero imperador do Brasil, D. Pedro I).

A situação do Brasil permaneceu indefinida durante o ano de 1821. Em 9 de dezembro, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que determinavam a abolição da Regência e o imediato retorno de D. Pedro á Portugal, a obediência das províncias a Lisboa (e não mais ao Rio de Janeiro) e a extinção dos tribunais do Rio de Janeiro. O Príncipe Regente D. Pedro começou a fazer os preparativos para o seu regresso, mas estava instaurada uma enorme inquietação nas principais classes sociais e políticas brasileiras. Entre essas classes destacavam-se a aristocracia rural do Sudeste brasileiro, a mais poderosa, conservadora, que lutava pela independência do Brasil, defendendo a unidade territorial, a escravidão e seus privilégios de classe; a aristocracia rural do Norte e Nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo; e as camadas populares urbanas liberais radicais que queriam a independência e a democratização da sociedade.

Promoveu-se então uma divisão política no Brasil, com o partido português, chamado por vezes de “os pés de chumbo”, que defendia os interesses da Corte, o partido brasileiro, composto predominantemente por aristocratas rurais do Sudeste brasileiro, e os liberais radicais. Para o partido brasileiro, o ideal era a criação de uma monarquia dual (Brasil e Portugal) para preservar a autonomia administrativa e a liberdade de comércio. Mas a intransigência das Cortes Portuguesas, que nada tinham de liberais, fez o partido inclinar-se pela emancipação, sem alterar a ordem social vigente e os seus privilégios adquiridos. Já os liberais radicais formavam um agrupamento quase revolucionário, bem próximo das camadas populares urbanas, defendendo mudanças mais profundas e democráticas da sociedade.

A concretização das aspirações de cada um desses agrupamentos foi determinada, principalmente, pela influência econômica deles, ou seja, os grandes proprietários rurais ligados ao partido brasileiro e os defensores da Corte portuguesa dispunham dos “meios” (capital) para a realização de seus objetivos. Numa luta, que poderiamos resumir de forma simplista, entre conservadores (partido português e partido brasileiro) e os liberais radicais, o príncipe regente D. Pedro I, influenciado pela sua formação burguesa e política absolutista, não exitou em tender para o lado dos conservadores.

Com os decretos da Corte portuguesa de 9 de dezembro de 1821, promoveu-se um pânico nos membros do partido brasileiro com a possibilidade de uma recolonização (o que prejudicaria seus comércios), fazendo com que o partido pendesse na balança para o lado dos liberais radicais, formando uma nova conjuntura política brasileira: de um lado o partido português e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência.

Agora com força econômica e política, o grupo “unificado” (pelo menos na questão da independência do reino de Portugal) em favor da independência do Brasil, conseguiu desenvolver um movimento significativo nas principais provincias do Brasil na época (com participação essencial de José Bonifácio), que foi bem visto por D. Pedro I. Em resposta a solicitação da Corte portuguesa para o regresso do Principe regente D. Pedro, um documento (coleta de assinaturas) foi elaborado solicitando a permanência do Príncipe no Brasil, solicitação esta atendida, e que promoveu uma momento histórco, conhecido como o “Dia do Fico”, lembrado pela célebre frase dita por D. Pedro “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!”. Na verdade, o “Fico” de D. Pedro foi fortemente influenciada pela aristocracia brasileira e não pela maioria da população (escravos, trabalhadores braçais e profissionais liberais). Mesmo defendendo os interesses própios (absolutistas) e da aristocracia brasileira, essa ação de D. Pedro proveu á ele forte apoio popular.

Com objetivo de buscar uniformidade de apoio ao Príncipe Regente nas províncias, foi criado o Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil, que na prática, tratava-se de uma manobra dos conservadores, liderados por José Bonifácio, contra os radicais, representados por Joaquim Gonçalves Ledo, um funcionário público para quem a preservação da unidade político-territorial do Brasil deveria ser feita convocando-se uma Assembléia Constituinte eleita pelo povo. A finalidade do Conselho era a de manter a unidade sob controle do poder central e dos conservadores, embora parecesse ser um ato democrático.

A “ruptura” com a Corte portuguesa ficou evidente quando D. Pedro determinou que qualquer decreto emitido pela corte portuguesa só poderia entrar em vigor mediante autorização sua, conferindo plena soberania ao Brasil, ou melhor dizendo, soberania a aristocracia brasileira. Uma prova disso está no fato da eloboração de uma constituinte, que negligenciando o desejo dos liberais radicais de uma eleição direta, prevaleceu-se o desejo dos conservadores (eleição indireta). Assim, os conservadores tinham obtido o controle da situação, com o texto da convocação da Constituinte com declarações favoráveis à permanência da união entre Brasil e Portugal, entretanto, a Corte portuguesa não recuou no pedido de regresso de D. Pedro. Fortemente influenciado pela sua formação absolutista e impulsionado pela cartas de José de Bonifácio e da sua esposa, Maria Leopoldina, D. Pedro, após receber uma carta do seu pai com ordens para regressar imdediatamente para Portugal, em 7 de setembro de 1822, ao voltar de Santos, parado às margens do riacho Ipiranga, pronunciou a famosa frase “Independência ou Morte!“, rompendo os laços de união política com Portugal. Em 12 de outubro de 1822, o Príncipe foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1 de dezembro na Capital.

Portanto, embora a independência do Brasil possa ser vista como um ato heróico e patriótico de D. Pedro I, objetivamente, ela foi promovida pela forças somadas do conservadorismo da aristocracia rural brasileira e do absolutismo do Príncipe. A “independência do Brasil” preservou o status das elites agro-exportadoras, que conservaram e ampliaram os seus privilégios políticos, econômicos e sociais, a escravidão foi mantida, assim como os latifúndios, a produção de gêneros primários voltada para a exportação e o modelo de governo monárquico. A farsa da independência do Brasil ficou evidente quando o Brasil, para ser reconhecido oficialmente como nação, negociou com a Grã-Bretanha e aceitou pagar “indenizações” de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal, tendo início a dívida externa do Brasil. Como se não bastasse o pagamento dessas “indenizações”, D. João VI quando retornou a Lisboa, após período no Brasil (transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil), por ordem das Cortes, passou as patas em todo o dinheiro que podia, promovendo a falência do primeiro Banco do Brasil em 1829.

Quase 200 anos depois, a história se repete. A maioria da população brasileira continua oprimida, explorada, sem diretitos básicos de cidadania e o Governo brasileiro paga “indenizações” às “Cortes” extrageiras em detrimento do bem estar dessa população menos favorecida. Em 2006 o Brasil gastou 36,7% do orçamento federal com pagamentos da dívida, contra 25,7% na Previdência, 4,8% na Saúde e 2,2% na Educação. Em 2008, gastamos R$ 282 bilhões com juros e amortizações da dívida pública. Proporcionalmente a arrecadação de impostos, isso corresponde a 30,5% da arrecadação tributária. Se somarmos a isso a rolagem da dívida, ou seja, a emissão de títulos públicos para “empurrar” a dívida pra frente, esses valores chegam a 48% do orçamento brasileiro. Quase metade do esforço dos brasileiros é para satisfazer as necessidades do mercado internacional e trabalhar com a especulação financeira do país! E o que recebemos em troca? Escola de qualidade? Saúde? Transporte barato e de qualidade? O país investe consideravelmente em pesquisa e tecnologia? Não.

Isso é ser independente? Segundo o dicionário brasileiro da língua portuguesa, ser independente é ser livre; proceder voluntariamente; que não está sujeito; que se governa por leis próprias; contrário à tirania ou ao despotismo, assim, vemos que estamos longe de ser independentes. Enquanto a maioria dos brasileiros não puder escolher voluntariamente seus destinos não seremos uma nação independente. Milhares, ou milhões talvez, de jovens são conduzidos a criminalidade por não poderem estudar ou receber o pagamento digno pelo seu trabalho. Vivemos em uma democracia? É claro que não! A soberania no Brasil não é popular, e sim de uma amostra pequenina da população que detêm a maior parte do capital e que exploram a maioria da população.

Ao contrário!  A independência de uma nação vai muito além do que a independência de uma fração da energia utilizada pelo país. O dia da verdadeira independência do Brasil acontecerá quando a maioria da população brasileira, explorada e enganada há séculos, tiver consciência do seu poder e fazer valer seus direitos, elegendo políticos comprometidos com os interesses do Brasil, e não com os interesses do capital corruptor. Vamos gritar “Independência ou fora GOVERNOS, BURGUESIA, etc.!!!!”

9 de Julho de 1932, Que Piada!

A palhaçada de 1932 desencadeada em São Paulo, ainda hoje é motivo de comemoração e de debates por parte da sociedade paulista (só se for a que tem dinheiro, porque o povão mesmo ficou fora disso!). Em geral a Revolução é apresentada de forma maniqueísta, envolvendo "Constitucionalistas" e "ditatoriais" como se houvessem apenas duas situações possíveis naquele momento da história. A polarização militar que existiu de 9 de Julho a 2 de outubro, não refletia a situação política ou ideológica do país, onde vários projetos de poder apresentavam-se. O início da década de 30 foi marcado por uma reorganização do Estado, fruto da crise do poder oligárquico, que por sua vez refletia a formação de novas camadas sociais, com interesses distintos, do processo de urbanização e por uma reordenação da economia mundial, afetada pela crise de 29. A maioria das avaliações sobre o final da República Velha concorda que a elite tradicional paulista, organizada no PRP, viveu um processo de isolamento, tendo como oposição uma grande frente política, que envolvia diferentes setores da sociedade brasileira: a elite urbana - principalmente de São Paulo - as camadas médias, os tenentes e as oligarquias dos demais estados, incluindo a de Minas Gerais, que até então estivera no poder. Por isso se considera que, derrubado Washington Luís, abriu-se um "vazio de poder" no país, ou seja, não havia uma facção política ou de classe com condições de controlar sozinha o poder de Estado. Percebe-se já em 1930, com nitidez, as diversas possibilidades políticas que se apresentam ao país e os anos seguintes, incluído 32, definirão as reais chances de cada uma delas.
A formação de um governo provisório reflete essa situação, onde o novo poder, organizado por Getúlio Vargas vai caracterizar-se pela centralização, com o objetivo de fortalecer o Estado, atraindo para esse projeto os militares e parte dos trabalhadores urbanos, com um discurso nacionalista e com o início de uma legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que atingia os interesses das oligarquias, que perdiam o controle político em seus estados e sua influência em nível nacional. O Congresso Nacional foi fechado, assim como os legislativos estaduais e os partidos políticos; os governadores foram depostos e substituídos por interventores, em sua maior parte tenentes, que abandonavam o discurso liberal, passando a defender um Estado autoritário, como elemento necessário para a construção de um novo modelo econômico e político.
A "Revolução Constitucionalista" é vista como um movimento de São Paulo contra o governo federal. Expressões como: "São Paulo ocupado", "...o povo paulista" ou "São Paulo precisa de você..." são comuns naquele ano de 1932. Mas o que é São Paulo? Quem fala em nome de São Paulo? Existe uma São Paulo única, toda ela contra o governo Vargas ? Qual a proposta de São Paulo para a situação? O único argumento que pode unir os diversos grupos paulistas (meia duzia de barôes do café, ricaços e afins)  é "Constituição". As Oligarquias do PRP, que haviam sido retiradas do poder em 1930 falam em Constituição, o Partido Democrático, refletindo o liberalismo empresarial urbano, fala em Constituição, setores intelectuais falam em Constituição. Todos defendem a mesma Constituição? O Movimento teve o mérito de (supostamente) contestar o governo provisório, centralizador e autoritário, que dominava o país; no entanto, criou, estimulou e mantêm ainda hoje um sentimento bairrista, paulista, como se o "ser paulista" fosse algo superior em relação aos demais brasileiros, como se o "ser paulista" fosse algo único, com o grande objetivo constitucional, onde esse fosse o interesse primordial de todos.
Na verdade esse discurso procurou esconder, e em parte conseguiu, os objetivos específicos da nova elite estadual, representada pelo Partido Democrático, que por sua vez era a representação dos interesses de uma elite empresarial urbana que, com um discurso progressista atraiu boa parte das camadas médias, contando para isso com o primordial papel da imprensa, notadamente do jornal O Estado de São Paulo, dirigido por Júlio de Mesquita Filho, que ao mesmo tempo era um dos líderes do PD.


Data: 9 de julho de 1932 - 2 de outubro 1932

Local: Todo estado de São Paulo e sul do Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul), Minas Gerais e Rio Grande do Sul
Resultado: Vitória militar do Governo Provisório; São Paulo praticamente ouvindo um sonoro PASSA! de Getúlio Vargas; Constituição brasileira de 1934
Combatentes
Forças
Polícia Militar do Estado de São Paulo,Força Pública Paulista (sempre eles...)
- 10.000 combatentes
- 4 Aviões
- 3 Trens Blindados (construídos ao longo do conflito)
- número incerto de veículos blindados (construídos ao longo do conflito)

Voluntários:
- 40.000 combatentes
- 200.000 alistados
- 1 Avião

Frente Única Gaúcha :
- 450 combatentes Forças Armadas:
Todo o exército, marinha e aviação disponível no país.

Baixas
São Paulo (voou pena pra todo lado!): - 634 no mausoléu oficial

É interessante notar como a versão tradicional pode ser favorável tanto aos getulistas como à nova elite paulista, teoricamente vencedores e perdedores. Essa versão considera que o movimento de 32 foi uma reação da elite tradicional, as oligarquias do café, na tentativa de recuperar o poder perdido. Considerando dessa maneira, os getulistas tiveram um bom argumento para manter o poder, mesmo através da guerra, pois impediam que o Brasil retrocedesse, impediam a volta do coronelismo, do voto de cabresto, dos currais eleitorais. Ao mesmo tempo, a nova elite paulista não foi derrotada e sim a velha oligarquia em seu propósito de recuperar o poder. A nova elite irá considerar-se vitoriosa moralmente e politicamente, principalmente no ano seguinte, quando da convocação da Constituinte, vista como prova de que Getúlio fora forçado a reconhecer a importância de São Paulo. Mas de qual São Paulo?. Qual São Paulo será beneficiada pala política getulista? A São Paulo cafeeira, a São Paulo empresarial ou a São Paulo operária?. Essa resposta será obtida nos anos seguintes, com uma análise da política socioeconômica do governo federal.
Durante todo o ano de 1932 organizou-se intensa propaganda contra o governo Vargas, que estimulou a organização de associações civis constitucionalistas, formada principalmente por estudantes e profissionais liberais, integrantes de uma camada média que repudiava a política ditatorial adotada. No entanto, essa camada não possuía organização política própria, ou mesmo um projeto político específico, para ela a luta seria contra a ditadura e a favor de uma Constituição.
A classe operária, ainda pequena, encontrava-se desorganizada em virtude da política trabalhista de Vargas, que havia eliminado os setores mais organizados do movimento, os imigrantes italianos e suas tendências anarquistas e cooptava uma parte dessa classe com sua legislação inicial, paternalista e pelega, e nem tchum pra esse arremedo de revolução. Dessa forma é que  só ficou gente da grana preta no dito movimento!
No dia 23 de maio de 1932, manifestações contra Getúlio Vargas eclodiam pela capital paulista, em um clima crescente de revolta. Um grupo tentou invadir a Liga Revolucionária - organização favorável ao regime situada nas proximidades da praça da República -, dando origem a um episódio que impulsionou o movimento.
MMDC - Os governistas resistiram a bala e acabaram mandando bala em Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade. Havia três mortos e dois feridos, que acabaram morrendo depois. O quinto ferido era o estudante Orlando de Oliveira Alvarenga.
As iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo serviram para formar o MMDC. A sigla representava uma organização civil clandestina (é pra dar risada mesmo!), que, entre outras atividades, oferecia treinamento militar. Apesar de terem declarado a intenção de apoiar o movimento que nascia em São Paulo, os governos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul saíram voados do angu de caroço! O único apoio veio do Mato Grosso!
Percebendo a dificil situação em que se encontrava, iniciou-se em São Paulo uma intensa campanha de alistamento voluntário, a 10 de julho, em diversos postos distribuidos pelo estado. Na Faculdade de Direito do largo São Francisco formou-se o Batalhão Universitário. Ao mesmo tempo a FIESP comanda um esforço de guerra, a aprtir do qual muitas fábricas passam a produzir material bélico ou de campanha, criando inclusive uma Milícia Industrial. As rádios paulistas são utilizadas como instrumentos de propaganda. O locutor César Ladeira da Rádio Record, ficou conhecido como " a voz da Revolução"
 A 14 de julho o governador Pedro de Toledo decreta a criação de um bônus de guerra que desempenhe as funções de moeda. Para lastrea-lo foi lançada a campanha " Doe ouro para o bem de São Paulo" centralizada pela associação comercial em conjunto com os bancos
O conflito envolveu, durante três meses, 135 mil brasileiros, dos quais cerca de 40 mil paulistas, a grande maioria voluntários civis
Os dados oficiais estimam que 630 paulistas e cerca de 200 homens das tropas federais morreram (pra nossa tristeza, a toa)...Além de São Paulo apanhar feito égua de padeiro no meio da Revolução Constitucionalista, fora o fato de ter feito papel de ridículo na frente de todo o Brasil, seus principais líderes foram presos e levados para a Casa de Correção, no Rio de Janeiro, num área reservada para os prisioneiros políticos provenientes de São Paulo. Pouco tempo depois, na noite de 30 de novembro de 1932, os presos políticos foram colocado a bordo do navio Pedro I e deportados para Portugal.
Com o tamanho nabo que São Paulo, querendo fazer bonitinho pra cima de Getúlio Vargas, levou na Revolução  foi acompanhado por uma vitória política: em 1932 seus principais líderes foram presos, graças a tudo isso (AH,AH, AH, AH, AH, AH, AH, AH, AH, AH, AH!) Entre eles se encontrava Júlio de Mesquita Filho, enviado com seus companheiros para a Sala da Capela - nome dado um pequeno recinto na Casa de Correção, do Rio, reservado para os prisioneiros políticos provenientes de São Paulo. Pouco tempo depois, na noite de 30 de novembro de 1932, ele e outros 75 companheiros foram colocado a bordo do navio Pedro I e deportados para Portugal. a organização de eleições e a formação de uma Assembléia Constituinte, que botou fim ao governo provisório. No entanto, a legislação eleitoral havia sido elaborada em fevereiro de 1932, e um decreto de 15 de março do mesmo ano, portanto antes da revolução, marcou para 3 de maio de 1933 a eleição dos deputados. A Assembléia iniciou seus trabalhos em 15 de novembro de 1933, sendo que a maioria dos deputados eram varguistas.

Má alimentação aumenta peso da população (Debate)

Pesquisa divulgada pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) mostra que a fome e a desnutrição deixaram de ser grandes problemas para o brasileiro, que agora se preocupa com o excesso de peso.
Dados de 2006 mostram que 6,6% das crianças menores de 5 anos estão acima do peso ideal, enquanto apenas 2% apresentam déficit de peso em relação à altura. Em 1989, esse índice era de 7,8%.  Segundo o Ministério da Saúde, essa redução mostra que o Brasil atingiu as metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o milênio: erradicar a fome e a pobreza extrema.
Entre adolescentes e adultos, o excesso de peso tornou-se uma preocupação ainda maior. Na faixa de idade entre 10 e 19 anos, 29% dos pesquisados estão acima do peso e 2,3% são obesos. Em indivíduos com mais de 20 anos, o excesso de peso atinge 41,1% da população e os obesos somam 8,9%. Por outro lado, apenas 2,8% estão abaixo do peso ideal.
Alguns dos fatores apontados como responsáveis pelas mudanças nesse cenário são a estabilidade econômica e os programas sociais voltados à população de baixa renda, como o Bolsa-Família. Essas medidas garantem que praticamente toda a população tenha acesso ao mínimo para que não passe fome. No entanto, será que essa população que agora tem poder de consumo está se alimentando bem? 

A Secretária Municipal do Bem-Estar Social em Bauru, Darlene Tendolo, diz que a erradicação da miséria é um fato consolidado na cidade e que ações conjuntas dos setores de Educação, Saúde e Assistência Social garantem que famílias em situação de vulnerabilidade se alimentem bem. “Todos os alimentos fornecidos para os serviços de emergência estão adequados às exigências do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e todas as instituições vinculadas à Sebes possuem um cardápio submetido à avaliação de nutricionistas”, alega. Darlene explica que mesmo as famílias que recebem do governo auxílio em dinheiro são orientadas a priorizar a qualidade na alimentação e discernir os alimentos que fazem bem do que fazem mal à saúde. “Realizamos seminários e trabalhamos em parcerias com instituições como o Sesc, que tem o Programa Mesa Brasil, e o Sesi, que tem o Alimente-se Bem. As pessoas aprendem que podem se alimentar de forma saudável, gastando pouco”, afirma. Para ela , uma grande inimiga da alimentação saudável é a atuação intensa da publicidade de alimentos industrializados na mídia.
 “Quem não quer aquele chocolate, aquele salgadinho ou aquele refrigerante da televisão? Esses alimentos têm um poder de atração incrível pelo sabor, pela aparência e até pelas embalagens. Não temos como privar as crianças desses prazeres, mas é preciso moderação”, pondera.
 
Boteco do Valente responde: secretária Darlene, permita a nós do Boteco do Valente  fazer algumas colocações: um primeiro ponto diz respeito à qualidade dos alimentos e sua sanidade. Ou seja, todos devem ter acesso a alimentos de boa qualidade nutricional e que sejam isentos de componentes químicos que possam prejudicar a saúde humana. Estes dois elementos são da maior importância em um contexto atual que favorece o desbalanceamento nutricional das dietas alimentares, bem como o envenenamento dos alimentos, em nome de uma maior produtividade agrícola ou com a utilização de tecnologias cujos efeitos sobre a saúde humana permanecem desconhecidos.

Outro ponto refere-se ao respeito aos hábitos e à cultura alimentar. Exige-se aqui que se considere a dimensão do patrimônio cultural que está intrínseco nas preferências alimentares das comunidades locais e nas suas práticas de preparo e consumo. Pretende-se compreender e defender esta herança, que é passada de pais para filhos e que possui uma lógica associada às condições ambientais e sociais daquela comunidade, bem como de sua própria história. Não se quer dizer com isto que todos os hábitos alimentares são sempre saudáveis. É preciso haver um aprimoramento desses hábitos, quando necessário, mas sempre atento às características específicas desses grupos sociais.

Um terceiro ponto está na sustentabilidade do sistema alimentar. A segurança alimentar depende não apenas da existência de um sistema que garanta, presentemente, a produção, distribuição e consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mas que também não venha a comprometer a mesma capacidade futura de produção, distribuição e consumo. Cresce a importância dessa condição frente aos atritos produzidos por modelos alimentares atuais, que colocam em risco a segurança alimentar no futuro.

Dentro da ótica aqui definida, pode-se afirmar que a segurança alimentar está regida por determinados princípios. O primeiro deles é que a segurança alimentar e a segurança nutricional são como “duas faces da mesma moeda”, não podendo se garantir uma delas sem que a outra também esteja garantida. O segundo princípio está no fato de que somente será assegurada a segurança alimentar e nutricional através de uma participação conjunta de governo e sociedade, sem que com isto se diluam os papéis específicos que cabe a cada parte. Por fim, é preciso que se considere o direito humano à alimentação como primordial, que antecede a qualquer outra situação, de natureza política ou econômica, pois é parte componente do direito à própria vida.

A questão alimentar mexe com interesses diversos e até contrários, o que faz com que a definição do significado da segurança alimentar se transforme em um espaço de disputa. Além do mais, não é um conceito já estabelecido, mas em construção. Visto sob estes dois aspectos fica clara a importância da elaboração de uma argumentação sólida, fundamentada nos princípios já enunciados e que se faz a partir de um debate amplo e ao mesmo tempo consistente.

Dentro dessa perspectiva propõe-se uma concepção que busca ser suficientemente abrangente para dar conta de todas as preocupações antes assinaladas e também intersetorial, ou seja, em que cada categoria trabalhada esteja em direta articulação com as demais, formando um conjunto que somente adquire seu sentido pleno, quando compreendido de uma forma integrada, ou seja, Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. Esta condição não pode comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro, devendo se realizar em bases sustentáveis. É responsabilidade dos estados nacionais assegurarem este direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, dentro das formas possíveis para exercê-lo.

Falô, Darlene Tendolo?  Nós do Boteco do Valente, aguardamos sua resposta!

Carta escrita em 2070...

Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam: VAMOS CUIDAR DA NOSSA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.

Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrintestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A industria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível.

Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O Governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m3 por dia por habitante e adulto.

A gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos. Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo Exército, a água tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.

Aqui em troca, não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atômicas e da industria contaminante do século XX. Advertia-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso.

Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente. Ela pergunta-me: Papai! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria,e muito, de poder   voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso Planeta Terra!"

Esse é um alô pra lá de sério do Boteco do Valente neste dia 22 de Março, DIA MUNDIAL DA ÁGUA..
Portanto, vamos cuidar de nosso meio ambiente, ou nossos filhos vão pagar, e bem caro, pelas nossas burradas!

Nenhuma interferência dos EUA na Líbia! Sai Voado Kaddafi!

Iniciada a revolução na Tunísia e no Egito, o povo da Líbia também quer enfiar o pé na bunda  do ditador Kaddafi. Os povos estão mostrando nas ruas que a revolução é possível, abalando ainda mais os países imperialistas comandados pelos EUA.

Desde o início das manifestações em 15 de fevereiro já chegam aos milhares o número de mortos, fruto de uma intervenção violenta por parte do governo líbio. Mas, o povo continua nas ruas e querem acabar com tanta miséria e pobreza causada por mais de quatro décadas de uma ditadura que vende o valioso petróleo do seu país a preço de banana. O povo, que aspira liberdade e o atendimento a necessidades sociais, rejeita amplamente Kaddafi e não sairá das ruas até ver suas necessidades atendidas.

Porém, o imperialismo joga com toda força para retomar o controle sobre o Oriente Médio e no Norte da África, a 5ª Frota dos EUA (sempre os bicões)  já foi alertada e barcos da União Europeia se dirigem à Líbia sobe pretextos “humanitários”. Com o intuito de tentar frear a revolução no Egito e na Tunísia, Washington tem o objetivo de instalar uma base militar no norte da África. O discurso de Hillary Clinton no conselho de Direitos Humanos da ONU diz: “nossos valores e interesses convergentes no apoio a essas transições não é apenas um ideal, é um imperativo estratégico”, além de desejar uma ampla abertura política no mundo árabe, excluindo as “influências antidemocráticas”. A secretária de Estado Americano só “esquece” que o próprio EUA e União Europeia apoiaram durante anos essas “influências antidemocráticas” e agora jogam para reverter a situação perdida e continuar o seu domínio sobre o lucrativo petróleo, além de tentar ganhar fôlego na crise que abala o sistema.

Por isso, nós do Boteco do Valente, nos solidarizamos com a revolução na Líbia e gritamos pra quem quiser ouvir:

Passa fora, Kaddafi e sua tropa assassina!
Se tiver intervenção militar estrangeira na Líbia, vai tomar pau do povão!
Viva a revolução Líbia e viva a resistência dos povos em todo o mundo!

Legalização das drogas não é a saída!

Conhecido por seu governo a serviço da privatização e ataques aos direitos dos trabalhadores (ou seja, duas gestões recheadas de cagadas), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (sempre ele, mais uma vez) defendeu no jornal Valor Econômico, no dia 18 de janeiro, que “a guerra às drogas fracassou", e a solução para o problema é a legalização. Para o bonitinho aí, Portugal e Suíça são exemplos de legalização, por terem supostamente diminuído o consumo e a criminalidade, e não há como lutar contra uma “mercadoria”(conta outra, parceiro!) usada desde sempre pela humanidade (de que humanidade Vossa Senhoria está falando, hein,cara-pálida?)  .

É preciso questionar: por que FHC, inimigo dos jovens e dos trabalhadores, vem agora com esse caô de  levantar a defesa da legalização? Em nome de quais interesses?Com certeza, não é para garantir o futuro da juventude brasileira, ameaçado pelas drogas.

Desmitificar os falsos mitos

Em seu discurso, FHC tá é mocozando que o principal motivo que leva o jovem ao mundo das drogas é a ausência de perspectivas: a falta de empregos, a destruição dos serviços públicos como a Educação, as condições precárias de vida em geral. A legalização não resolve nada disso.

Em Portugal, de 2001 até 2009, o número de usuários de maconha cresceu 11,7%, assim como os de outras drogas. O número de mortes relacionadas a drogas cresceu em 33% e o número de suicídios dobrou após a legalização, mostrando a relação clara entre as drogas e a depressão.  Na Suiça, a legalização foi imposta a população: o povo havia votado contra a legalização em 2008 num plebiscito, e mesmo assim o governo manteve a proposta, votada somente por parlamentares.

Um artigo de 17 de outubro de 2010 publicado na Folha de S.Paulo demonstra como o tráfico se fortaleceu na Holanda. “A equação que levou à tolerância mudou à medida em que a criminalidade tornou-se mais visível. Em especial, a ausência de meios legais para as coffee shops comprarem a maconha chamou a atenção para os vínculos com o crime organizado”. Sem contar que o THC (principio ativo maconha) subiu sua concentração de 4%, para 33%!

A legalização não resolverá o problema das crackolândias, e não responde à pergunta de um professor da rede pública de ensino: “Quantos programas uma prostituta deve fazer para pagar o crack do seu cafetão?” (O Estado de S.Paulo, 18/02) . Já para o necessário tratamento dos dependentes químicos, não é preciso de legalização, mas sim de um sistema público de saúde qualidade!

E lá vai guerra atrás de guerra...

A história nos mostra que a sociedade em que os índios usavam drogas, para rituais religiosos, é muito diferente da sociedade de hoje. Hoje, as drogas não são para uso ritualístico de pessoas vivendo na floresta. São mercadorias, cujo cadeia produtiva quer o mais amplo consumo. A droga não é mais um artifício religioso, e sim uma mercadoria especial... pela sua capacidade de viciar!

A luta pelo controle do mercado das drogas é parte dos conflitos na arena mundial. Está ligada a guerra nos países produtores e na violência do crime organizado nos países consumidores.  O “Plano Colômbia” é um exemplo. A decisão de “ajuda militar” dos EUA ao governo da Colômbia com a instalação de bases estadunidenses na América do Sul em nada diminuiu o tráfico. A justificativa da “guerra às drogas”, na verdade, era apenas a cortina de fumaça para ameaçar os processos revolucionários em curso na Venezuela, Bolívia e Equador. A aplicação do “Plano Colômbia” não reduziu o tráfico de drogas, ao contrário, o fez aumentar, isso tá todo mundo careca de saber! 

Na ex-Iugoslávia, desmanatelada pela intervenção da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nos anos 1990, o crime organizado passou a ocupar um novo lugar na circulação de drogas para todo o mercado europeu. Após a ocupação militar do Afeganistão e a imposição de um governo fantoche de Karzai, o território afegão voltou a ocupar seu lugar como produtor de ópio, e hoje fornece 90% da heroína consumida ilegalmente no mundo. Estes são alguns exemplos de como a economia da droga é usada para sustentar o imperialismo.

A droga contra a organização dos trabalhadores e da juventude

Militante negro estadunidense, preso no corredor da morte, Mumia Abu-Jamal afirma que “a maconha, a cocaína, o LSD e a heroína... foram usadas para destruir a população negra dos EUA”. É só lembrarmos da desarticulação do Partido dos Panteras Negras, através de uma operação da Máfia ligada aos traficantes com a CIA, que implantou drogas entre os militantes da organização.

Assim é possível entender a posição desse pamonha do  Fernando Henrique. Após a derrota no Plebiscito pela legalização na Califórnia, a ONG financiada por George Soros, Norml, chegou ao Brasil para propagandear as “beneficies” da legalização. É inaceitável o Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso levantar essa mesma bandeira (tem algum otário aqui???).

A galera, pricipalmente a da periferia, não precisa de drogas. O que é preciso é garantir emprego com direitos, reduzir a jornada de trabalho para as pessoas terem tempo para o descanso e lazer, garantir educação e saúde públicas de qualidade, o acesso à cultura e espaços públicos de lazer e esporte, e fazer a reforma agrária para dar terra para quem nela trabalha!

Sobre as Greves (V. I. Lênin)

Nos últimos anos, as greves operárias são extraordinariamente freqüentes na Rússia. Não existe nenhuma província industrial onde não tenha havido várias greves. Quanto às grandes cidades, as greves não cessam. Compreende-se, pois, que os operários conscientes e os socialistas se coloquem cada vez mais amiúde a questão do significado das greves, das maneiras de realizá-las e das tarefas que os socialistas se propõem ao participarem nelas.

Em primeiro lugar, é preciso ver como se explica o nascimento e a difusão das greves. Quem se lembra de todos os casos de greve conhecidos por experiência própria, por relatos de outros ou através dos jornais, verá logo que as greves surgem e se expandem onde aparecem e trabalham centenas (e, às vezes, milhares) de operários; aí dificilmente se encontrará uma fábrica em que não tenha havido greves; quando eram poucas as grandes fábricas na Rússia, rareavam as greves; mas visto que elas crescem com rapidez tanto nas antigas localidades fabris como nas novas cidades e aldeias industriais, as greves tornam-se cada vez mais freqüentes.

Por que a grande produção fabril leva sempre às greves? Isso se deve ao fato de que o capitalismo leva, necessariamente, à luta dos operários contra os patrões, e quando a produção se transforma numa produção em grande escala, essa luta se converte necessariamente em luta grevista.

Denomina-se capitalismo a organização da sociedade em que a terra, as fábricas, os instrumentos de produção, etc., pertencem a um pequeno numero de latifundiários e capitalistas, enquanto a massa do povo não possui nenhuma ou quase nenhuma propriedade e deve, por isso, alugar sua força de trabalho. Os latifundiários e os industriais contratam os operários, obrigando-os a produzir tais ou quais artigos, que eles vendem no mercado. Os patrões pagam aos operários exclusivamente o salário imprescindível para que estes e sua família mal possam subsistir, e tudo o que o operário produz acima dessa quantidade de produtos necessária para a sua manutenção o patrão embolsa: isso constitui o seu lucro. Portanto, na economia capitalista, a massa do povo trabalha para outros, não trabalha para si, mas para os patrões, e o faz por um salário: compreende-se que os patrões tratem sempre de reduzir o salário: quanto menos entreguem aos operários, mais lucro lhes sobra. Em compensação, os operários tratam de receber o maior salário possível, para poder sustentar a sua família com uma alimentação abundante e sadia, viver numa boa casa e não se vestir como mendigos, mas como se veste todo mundo. Portanto, entre patrões e operários há uma constante luta pelo salário: o patrão tem liberdade de contratar o operário que quiser, pelo que procura o mais barato. O operário tem liberdade de alugar-se ao patrão que quiser, e procura o que paga mais. Trabalhe o operário na cidade ou no campo, alugue seus braços a um latifundiário, a um fazendeiro rico, a um contratista ou a um industrial, sempre regateia com o patrão, lutando contra ele pelo salário.

Mas, pode o operário, por si só, sustentar essa luta? É cada vez maior o numero de operários: os camponeses se arruinam e fogem das aldeias para as cidades e para as fábricas. Os latifundiários e os industriais introduzem máquinas, que deixam os operários sem trabalho. Nas cidades aumenta incessantemente o número de desempregados, e nas aldeias o de gente reduzida a miséria: a existência de um povo faminto faz baixarem ainda mais os salários. É impossível para o operário lutar sozinho contra o patrão. Se o operário exige maior salário ou não aceita a sua rebaixa, o patrão responde: vá para outro lugar, são muitos os famintos que esperam à porta da fabrica e ficarão contentes em trabalhar, mesmo que por um salário baixo.

Quando a ruína do povo chega a tal ponto que nas cidades e nas aldeias há sempre massas de desempregados. quando os patrões amealham enormes fortunas e os pequenos proprietários são substituídos pelos milionários, então o operário transforma-se num homem absolutamente desvalido diante do capitalista. O capitalista obtém a possibilidade de esmagar por completo o operário, de condená-lo à morte num trabalho de forçados, e não só ele, como também sua mulher e seus filhos. Com efeito, vejam as indústrias em que os operários ainda não conseguiram ficar amparados pela lei e não podem oferecer resistência aos capitalistas, e comprovarão que a jornada de trabalho é incrivelmente longa, até de 17 a 19 horas. que criaturas de cinco ou seis anos executam um trabalho extenuante e que os operários passam fome constantemente, condenados a uma morte lenta. Exemplo disso é o caso dos operários que trabalham a domicílio para os capitalistas: mas, qualquer operário se lembrará de muitos outros exemplos! Nem mesmo na escravidão e sob o regime de escravidão existiu uma opressão tão terrível do povo trabalhador como a que sofrem os operários quando não podem opor resistência aos capitalistas nem conquistar leis que limitem a arbitrariedade patronal.

Pois bem, para não permitir que sejam reduzidos a esta tão extrema situação de penúria, os operários iniciam a mais encarniçada luta. Vendo que cada um deles por si só é absolutamente impotente e vive sob a ameaça de perecer sob o jugo do capital, os operários começam a erguer-se, juntos, contra seus patrões. Dão início às greves operárias. A princípio é comum que os operários não tenham nem sequer, uma idéia clara do que procuram conseguir, não compreendem porque atuam assim: simplesmente quebram as máquinas e destroem as fábricas. A única coisa que desejam é fazer sentir aos patrões a sua indignação: experimentam suas forças mancomunadas para sair de uma situação insuportável, sem saber ainda porque sua situação é tão desesperada e quais devem ser suas aspirações.

Em todos os países, a indignação começou com distúrbios isolados, com motins, como dizem em nosso país a polícia e os patrões. Em todos os países, estes distúrbios deram lugar, de um lado, a greves mais ou menos pacificas e, de outro, a uma luta de muitas faces da classe operária por sua emancipação.

Mas que significado têm as greves na luta da classe operária? Para responder a essa pergunta devemos nos deter primeiro em examinar com mais detalhes as greves. Se o salário dos operários se determina – como vimos – por um convênio entre o patrão e o operário. e se cada operário por si só é de todo impotente, torna-se claro que os operários devem necessariamente defender juntos as suas reivindicações; devem necessariamente declarar-se em greve, para impedir que os patrões baixem os salários, ou para conseguir um salário mais alto. E, efetivamente, não existe nenhum pais capitalista em que não sejam deflagradas greves operárias. Em todos os países europeus e na América, os operários se sentem, em toda parte, impotentes quando atuam individualmente e só podem opor resistência aos patrões se estiverem unidos, quer declarando-se em greve, quer ameaçando com a greve. E quanto mais se desenvolve o capitalismo, quanto maior é a rapidez com que crescem as grandes fábricas, quanto mais se vêem deslocados os pequenos pelos grandes capitalistas, mais imperiosa é a necessidade de uma resistência conjunta dos operários porque se agrava o desemprego, aguça-se a competição entre os capitalistas, que procuram produzir mercadorias de modo mais barato possível (para o que é preciso pagar aos operários o menos possível), e acentuam-se as oscilações da industrial e as crises. Quando a indústria prospera, os patrões obtêm grandes lucros e não pensam em reparti-los com os operários: mas durante a crise os patrões tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos. A necessidade das greves na sociedade capitalista está tão reconhecida por todos nos países europeus, que lá a lei não proíbe a declaração de greves: somente na Rússia subsistiram leis selvagens contra as greves (destas leis e de sua aplicação falaremos em outra oportunidade).

Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luta da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando os operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale a completa escravização dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a coisa muda. Não há riquezas que os capitalistas possam aproveitar se não encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrões continuam sendo verdadeiros escravos, trabalhando eternamente para um estranho, por um pedaço de pão, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas. Os escravos começam a apresentar a reivindicação de se transformarem em donos: trabalhar e viver não como queiram os latifundiários e capitalistas, mas como queiram os próprios trabalhadores. As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar seu domínio. "Todas as rodas se detêm se assim o quer teu braço vigoroso" diz sobre a classe operária uma canção dos operários alemães. Com efeito, as fábricas, as propriedades dos latifundiários, as máquinas, as ferrovias, etc., etc., são, por assim dizer, rodas de uma enorme engrenagem: esta engrenagem fornece diferentes produtos, transforma-os, distribui-os onde necessários. Toda esta engrenagem é movida pelo operário, que cultiva as terras, extrai os minerais, elabora as mercadorias nas fábricas, constrói casas, oficinas e ferrovias. Quando os operários se negam a trabalhar, todo esse mecanismo ameaça paralisar-se. Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos atuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio sua carga. não reclama ao patrão, não reflete sobre sua situação. Durante uma greve, o operário proclama em voz alta suas reivindicações, lembra aos patrões todos os atropelos de que tem sido vítima, proclama seus direitos, não pensa apenas em si ou no seu salário, mas pensa também em todos os seus companheiros que abandonaram o trabalho junto com ele e que defendem a causa operária sem medo das provocações.

Toda greve acarreta ao operário grande numero de privações, tão terríveis que só se podem comparar com as calamidades da guerra: fome na família, perda do salário, freqüentes detenções, expulsão da cidade em que reside e onde trabalhava. E apesar de todas essas calamidades, os operários desprezam os que se afastam de seus companheiros e entram em conchavos com o patrão. Vencidas as calamidades da greve, os operários das fábricas próximas sentem entusiasmo sempre que vêem seus companheiros iniciarem a luta. "Os homens que resistem a tais calamidades para quebrar a oposição de um burguês, saberão também quebrar a força de toda a burguesia", dizia um grande mestre do socialismo, Engels, falando das greves dos operários ingleses. Amiúde, basta que se declare em greve uma fabrica para que imediatamente comece uma série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos! Toda greve infunde vigorosamente nos operários a idéia do socialismo; a idéia da luta de toda a classe operária por sua emancipação do jugo do capital. É muito freqüente que, antes de uma grande greve, os operários de uma fábrica, uma indústria ou uma cidade qualquer, não conheçam sequer o socialismo, nem pensem nele, mas que depois da greve difundam-se entre eles, cada vez mais, os círculos e as associações, e seja maior o número dos operários que se tornam socialistas.

A greve ensina os operários a compreender onde repousa a força dos patrões e onde a dos operários; ensina a pensarem não só em seu patrão e em seus companheiros mais próximos, mas em todos os patrões, em toda a classe capitalista e em toda a classe operária. Quando um patrão que acumulou milhões às custas do trabalho de varias gerações de operários não concede o mais modesto aumento de salário e inclusive tenta reduzi-lo ainda mais e, no caso de os operários oferecerem resistência, põe na rua milhares de famílias famintas, então os operários vêem com clareza que toda a classe capitalista é inimiga de toda a classe operária e que os operários só podem confiar em si mesmos e em sua união. Acontece muitas vezes que um patrão procura enganar, de todas as formas, aos operários, apresentando-se diante deles como um benfeitor, encobrindo a exploração de seus operários com uma dádiva insignificante qualquer, com qualquer promessa falaz. Cada greve sempre destrói de imediato este engano, mostrando aos operários que seu "benfeitor" é um lobo com pele de cordeiro.

Mas a greve abre os olhos dos operários não só quanto aos capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis. Do mesmo modo que os patrões se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários. Os funcionários e seus lacaios se esforçam para convencer os operários de que o czar e o governo czarista se preocupam com os patrões e os operários na mesma medida, com espírito de justiça. O operário não conhece as leis e não convive com os funcionários, em particular os altos funcionários, razão pela qual dá, freqüentemente, crédito a tudo isso. Eclode, porém, uma greve. Apresentam-se na fabrica o fiscal, o inspetor fabril, a polícia e, não raro. tropas, e então os operários percebem que infringiram a lei: a lei permite aos donos de fábricas reunir-se e tratar abertamente sobre a maneira de reduzir o salário dos operários. ao passo que os operários são tachados de delinqüentes ao se colocarem todos de acordo! Despejam os operários de suas casas, a policia fecha os armazéns em que os operários poderiam adquirir comestíveis a crédito e pretende-se instigar os soldados contra os operários, mesmo quando estes mantêm uma atitude serena e pacifica. Dá-se inclusive aos soldados ordem de abrir fogo contra os operários, e quando matam trabalhadores indefesos, atirando-lhes pelas costas, o próprio czar manifesta a sua gratidão as tropas (assim fez com os soldados que mataram grevistas em Iaroslavl, em 1895). Torna-se claro para todo operário que o governo czarista é um inimigo jurado, que defende os capitalistas e ata de pés e mãos os operários. O operário começa a entender que as leis são adotadas em benefício exclusivo dos ricos, que também os funcionários defendem os interesses dos ricos, que se tapa a boca do povo trabalhador e não se permite que ele exprima suas necessidades e que a classe operária deve necessariamente arrancar o direito de greve, o direito de participar duma assembléia popular representativa encarregada de promulgar as leis e de velar por seu cumprimento. Por sua vez. o governo compreende muito que as greves abrem os olhos dos operários, razão porque tanto as teme e se esforça a todo custo para sufocá-las o mais rápido possível. Um ministro do Interior alemão, que ficou famoso por suas ferozes perseguições contra os socialistas e os operários conscientes, declarou em uma ocasião, não sem motivo, perante os representantes do povo: "Por trás de cada greve aflora o dragão da revolução". Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para lutar contra ele pelos direitos do povo.

Assim, as greves ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem agüentar a luta contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial. Exatamente por isso, os socialistas chamam as greves de "escola de guerra", escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pela emancipação de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do Capital.

Mas a "escola de guerra” ainda não é a própria guerra. Quando as greves alcançam grande difusão, alguns operários (e alguns socialistas) começam a pensar que a classe operária pode limitar-se às greves e às caixas ou sociedades de resistência[1], que apenas com as greves a classe operária pode conseguir uma grande melhora em sua situação e até sua própria emancipação. Vendo a força que representam a união dos operários e até mesmo suas pequenas greves, pensam alguns que basta aos operários deflagrarem a greve geral em todo o pais para poder conseguir dos capitalistas e do governo tudo o que queiram. Esta opinião também foi expressada pelos operários de outros países quando o movimento operário estava em sua etapa inicial e os operários ainda tinham muito pouca experiência.

Esta opinião, porém, é errada. As greves são um dos meios de luta da classe operária por sua emancipação, mas não o único, e se os operários não prestam atenção a outros meios de luta, atrasam o desenvolvimento e os êxitos da classe operária. Com efeito, para que as greves tenham êxito são necessárias as caixas de resistência, a fim de manter os operários enquanto dure o conflito. Os operários (comumente os de cada indústria, cada ofício ou cada oficina) organizam essas caixas em todos os países, mas na Rússia isso é extremamente difícil, porque a polícia as persegue, apodera-se do dinheiro e prende os operários. Naturalmente, os operários sabem resguardar-se da policia; naturalmente, a organização dessas caixas é útil, e não queremos dissuadir os operários de se ocuparem disso. Mas não se deve confiar em que, estando proibidas por lei, as caixas operárias possam contar com muitos membros; e sendo escasso o numero de cotizantes, essas caixas não terão grande utilidade. Alem disso, até nos países em que existem livremente as associações operárias, e onde são muito fortes as caixas, até neles a classe operária de modo algum pode limitar-se as greves em sua luta. Basta que sobrevenham dificuldades na indústria (uma crise como a que agora se aproxima da Rússia, por exemplo) para que os patrões temporariamente provoquem greves, porque às vezes lhes convém suspender temporariamente o trabalho e lhes é útil que as caixas operárias esgotem seus fundos. Daí não poderem os operários limitar-se, de modo algum, às greves e às sociedades de resistência.

Em segundo lugar, as greves só são vitoriosas quando os operários já possuem bastante consciência, quando sabem escolher o momento para desencadeá-las, quando sabem apresentar reivindicações, quando mantêm contato com os socialistas para receber volantes e folhetos. Mas operários assim ainda há muito poucos na Rússia, e é necessário fazer todos os esforços para aumentar seu numero, tornar conhecida nas massas operárias a causa operária, fazê-las conhecer o socialismo e a luta operária. Esta é a missão que devem cumprir os socialistas e os operários conscientes, formando, para isso, o partido operário socialista.

Em terceiro lugar, as greves mostram aos operários, como vimos, que o governo é seu inimigo e que é preciso lutar contra ele. Com efeito, as greves ensinaram gradualmente à classe operária, em todos os países, a lutar contra os governos pelos direitos dos operários e pelos direitos de todo o povo. Como já dissemos, essa luta só pode ser levada a cabo pelo partido operário socialista, através da difusão entre os operários das justas idéias sobre o governo e sobre a causa operária. Noutra ocasião nos referiremos em particular a como se realizam na Rússia as greves e a como devem utilizá-la os operários conscientes. Por enquanto devemos assinalar que as greves são, como já afirmamos linhas atrás, urna "escola de guerra”, mas não a própria guerra; as greves são apenas um dos meios de luta, uma das formas do movimento operário.

Das greves isoladas. os operários podem e devem passar, e passam realmente, em todos os países, à luta de toda a classe operária pela emancipação de todos os trabalhadores. Quando todos os operários conscientes se tornam socialistas, isto é, quando tendem para esta emancipação, quando se unem em todo o país para propagar entre os operários o socialismo e ensinar-lhes todos os meios de luta contra seus inimigos, quando formam o partido operário socialista, que luta para libertar todo o povo da opressão do governo e para emancipar todos os trabalhadores do jugo do capital, só então a classe operária se incorpora plenamente ao grande movimento dos operários de todos os países, que agrupa todos os operários, e hasteia a bandeira vermelha em que estão inscritas estas palavras:

"Proletários de todos os países, uni-vos!"