O prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), em uma cagada daquelas de entrar para a história de Bauru, decretou ontem, no Diário Oficial, o reajuste da tarifa do transporte coletivo. O preço da passagem para o munícipe que não possui o cartão do sistema circular e vai pagá-la com dinheiro será de R$ 2,60 a partir do dia 2 de maio. Atualmente, este valor é de R$ 2,40, configurando aumento de 8,3%.
Na prática, o prefeito acatou à proposta apresentada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Emdurb), calculada a partir dos números da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Bauru (Transurb). Desta forma, ele não segue recomendação do Conselho de Usuários, que rejeitou o valor proposto pela planilhagem. Foram apenas arredondados para baixo alguns dos valores indicados. No caso da tarifa em dinheiro, por exemplo, o preço solicitado era de R$ 2,62.
Os usuários que utilizam o cartão do transporte coletivo vão deixar de pagar R$ 2,25 na tarifa básica e terão que desembolsar R$ 2,40, diante dos R$ 2,42 propostos inicialmente. Nesse caso, o reajuste é de 6,6%. Já o aumento de R$ 0,60 para R$ 0,65 na integração da passagem não foi aceito por Rodrigo. Dessa forma, o preço total da tarifa integrada chega aos R$ 3,00 a partir de 2 de maio.
Já a tarifa escolar sofreu reajuste de R$ 1,69 para R$ 1,80. A proposta da Emdurb era de R$ 1,81, além de R$ 0,48 para a integração. No entanto, o segundo preço foi mantido em R$ 0,45. O preço global, portanto, será de R$ 2,25.
Agostinho afirmou que já era esperado o posicionamento do Conselho de Usuários, que tem caráter consultivo, e rejeitou o aumento por oito votos a três. “Os usuários nunca vão ser favoráveis ao reajuste, mas temos que garantir o equilíbrio financeiro, a partir do método proposto pelo Ministério dos Transportes”, explica.
Segundo o prefeito, também impactaram nas contas das empresas uma série de benefícios concedidos aos motoristas no último ano, que refletiram na planilha de custos. No entanto, chamou a atenção a agilidade de Rodrigo na publicação do decreto, menos de dois dias depois da consulta ao conselho.
De acordo com ele, caso demorasse mais, o aumento poderia ser ainda maior, pois seriam acrescentados à planilha de custos o reajuste dos combustíveis, que está prestes a ser regulamentado pelo governo federal. “A diferença poderia ficar muito acima da inflação”, argumenta.
Vale ressaltar que as novas tarifas passarão a valer no dia 2 de maio, após o feriado em que é celebrado o Dia do Trabalhador (que baixaria).
A média de passageiros transportados pelo transporte público em Bauru é de 2.449.223 por mês. A frota composta por 41 ônibus da Baurutrans, 73 da Cidade Sem Limites e 124 da Grande Bauru percorrem cerca de 1,5 milhão de quilômetros mensalmente.
De acordo com o presidente da Emdurb, Nico Mondeli, o reajuste maior para a tarifa paga em dinheiro tem como objetivo incentivar a adesão de usuários ao cartão. Atualmente, cerca de 22% dos passageiros pagam as tarifas em dinheiro. Um dos benefícios para quem usa o cartão é o bônus de 10% no valor da tarifa nos horários de entrepicos do sistema coletivo. Só aqui no Boteco do Valente, bem como em todas as perferias de Bauru, ninguém é tonto, Srs. Nico e Rodrigo: nos sabemos muitíssimo bem que por trás dessa conversinha fiada de que os usuários nunca vão ser favoráveis ao reajuste, mas temos que garantir o equilíbrio financeiro, a partir do método proposto pelo Ministério dos Transportes, está uma concepção de transporte público que precisa mudar!
O transporte público não deveria depender da cobrança de tarifas para se sustentar. O correto seria o governo municipal cobrar impostos mais altos dos setores mais ricos da sociedade local (como os bancos) e direcionar esses impostos para as melhorias e os custos do transporte coletivo, como já acontece na educação e na saúde. O transporte é o único serviço público que é tarifado!!! Para piorar, a situação dos ônibus está cada vez mais precária! Os últimos aumentos não refletiram, como alardeado, em melhorias no serviço prestado.
Na tentativa de minar as mobilizações contrárias ao aumento, o pior é que o governo municipal anuncia isso pra bem um dia depois do Dia do Trabalhador e numa data ainda distante do período eleitoral! Mas faça a sua parte. Junte a sua família, os seus amigos, a sua comunidade, e converse sobre este assunto. Veja o que vocês podem fazer. As nossas pequenas ações somadas podem virar algo muito maior. Pode levar tempo, só não podemos ficar parados. Os governantes e os grandes empresários vão colocar cada vez mais catracas no nosso caminho e cabe a nós não aceitar essas catracas.
O Boteco do Valente repudia o aumento das tarifas e essa lógica de tratar o transporte não como direito, mas como mercadoria. A nossa revolta com o esse ASSALTO disfarçado de aumento é a mesma que sentimos quando estamos esmagados no ônibus lotado e somos obrigados a escutar “não fique sentado nos degraus, pois tem muita gente querendo descer nas portas”, como se tivéssemos alguma chance de escolher em que parte do ônibus ficar. Toda vez que a tarifa aumenta, diminui a nossa mobilidade. E uma cidade só existe para quem pode se movimentar por ela...
E, por fim, como dissemos quando um desses foi aprovado, no começo desse ano , "Se as autoridades, entretanto, acharam que iam nos calar aprovando esse projeto, se enganaram. Se acharam que íamos parar de lutar contra os abusos empresariais nos transportes, sua análise foi equivocada. Se acharam que, com esse pequeno avanço, iam evitar que a rebelião que vem ocorrendo em vários cantos desse país atingisse a nossa cidade, sentimos muito em informar mas, mais uma vez, caíram do cavalo.
Por isso é tão importante que os setores que realmente defendem – não de boca e nem de politicagens ou de negócios escusos, mas na prática – que a luta contra o aumento deva ser conduzida por um caminho democrático, independente e combativo, aqueles que não admitem que a luta seja utilizada como trampolim eleitoreiro ou conduzida através de acordões de cúpula, se unam nessa mobilização e construam pela base uma luta unificada, luta essa que não se pautará por negociações com prefeituras, mas sim no chamado à população e na força das ruas.
Se, ao contrário, embora duvidemos, nosso prefeito aprovou esse aumento por achá-lo justo e necessário para a população, precisamos informá-lo que, para alcançar o que é justo e necessário ainda há muito por fazer, e esse texto aqui é apenas um começo. Nós, do Boteco do Valente, reafirmamos a nossa disposição e (mais que isso) a necessidade de continuar lutando. Não sossegaremos enquanto o transporte que alguns chamam de público não possa ser, de fato, assim chamado por todos/as. Enquanto o transporte coletivo e a sociedade não tiverem seus funcionamentos absolutamente alterados para uma lógica popular, as ruas ainda correm o risco de serem fechadas, os órgãos públicos não estão a salvo de serem ocupados, os ônibus ainda correm o risco de um catracaço iminente, etc. Por isso, como sempre dizemos: Resistir até a tarifa cair! Ou para esse aumento ou paramos Bauru inteira!