23 de março de 2012

Valeu, Chico!

Ah, brasileiros... deixam cair em olvido suas alegrias, sua gente, sua história. Poucos hoje sabem quem foi Chico Anysio . Pouquíssimos. Talvez menos ainda saibam quem foi Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, verdadeiro nome da figura.
          O humor como arma e propaganda de oposição foi uma de suas marcas.  Humorista,
Chico Anysio ironizou o quanto pode os detentores do poder. Pagou caro por isso,.Essas, respostas dos trogloditas que não tiveram capacidade para responder no mesmo nível de inteligência.
      Chico Anysio não foi qualquer humoristazinho que surgiu em um dia para tomar tortadas na cara e sumiu no outro, e muito menos apelava para a pornografia e nem para palavrões em seu personagens,
tendo grande admiração popular e admiração também da intelectualidade, fazendo milhões de brasileiros rirem com sua atração mais recente: a Escolinha do Professor Raimundo, onde ele, com a sua alma generosa, abriu espaço e garantiu o sustento de vários humoristas veteranos – muitos dos quais, agora, o aguardam em algum lugar do paraíso. E assim como acolheu os mais velhos, ele também as portas da televisão para os mais jovens, como Tom Cavalcante, Claudia Jimenez e Heloísa Perissé. Não precisa falar mais nada, né? Pior que precisa. 
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho nasceu em 12 de abril de 1931 na cidade cearense de Maranguape. Construiu a carreira no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos seis anos de idade. Chico Anysio começou na Rádio Guanabara, como ator em rádio novelas de diversas emissoras. Seu talento para criar personagens o levou ao cargo de roteirista da extinta Atlântida Cinematográfica. Estreou na TV Rio em 1957, com o Noite de Gala. Em 1959, estreou o programa Só tem Tantã, rebatizado meses depois de Chico Anysio Show.
Em 1968, ele foi para a Rede Globo, onde ficou nacionalmente conhecido, por programas como Chico City, Chico Total, Escolinha do Professor Raimundo e, mais recentemente, Zorra Total.
Chico Anysio ficou famoso pela criação de mais de 70 personagens, alguns inesquecíveis para o grande público como Alberto Roberto, o Professor Raimundo, Bento Carneiro, Bozó, Justo Veríssimo, Painho, Véio Zuza, Zé Tamborim, entre tantos outros.
Ele também se destacou como autor de romances, contos e peças de teatro, além de ser pintor de quadros, principalmente nos últimos anos de vida. Nos anos 2000, Chico fez participações em novelas globais, como Caminho das Índias, Pé na Jaca e Sinhá Moça.
Chico era casado com a empresária Malga Di Paula e pai de oito filhos: Lug de Paula, Nizo Neto, Ricardo, André Lucas, Cícero, Bruno Mazzeo, Rodrigo e Vitória, de cinco relacionamentos diferentes.
Em homenagem aos 60 anos de sua carreira, Ziraldo reuniu vários cartunistas e criou um livro chamado É Mentira, Chico?, com caricaturas dos personagens do humorista, além de um DVD, com especiais dos programas de Chico.
Em 2009, ele foi tema da escola de samba Unidos do Anil, do Rio de Janeiro, desfilando com o enredo Chico Total! Sou Anil e Faço Carnaval. Uma das últimas aparições do humorista na TV foi no especial Guerra e Paz, vivendo um padre. Em 2009, atuou no filme Se Eu Fosse Você 2 e dublou o protagonista da animação UP.
Aos 80 anos, Chico Anysio foi se juntar a Zacarias, Mussum, Costinha, Grande Otelo e tantos outros humoristas que se tornaram eternos para fazer Deus e todo o Céu rir bastante. Perdemos nosso melhor amigo. Ou aquele que nos presenteou com uma galeria imensa de melhores amigos. Nenhum artista, na face da Terra, foi tão completo quanto o nosso Chico Anysio, nascido em Maranguape, criado no Rio de Janeiro e presente em todos os lares de um país continental como o Brasil. Chico criou uma centena de personagens, deu vida a todos eles e os interpretou de forma primorosa. Seus amigos dizem que Chico é o Chaplin brasileiro. Mas Chico foi genial em quase tudo o que criou; o inglês acertou com Carlitos. E todos os personagens do nosso gênio, como o Painho, o Pantaleão, o Bozó, o Alberto Roberto e tantos outros, são quase pessoas reais, de carne e osso, tal é a sua presença no imaginário nacional.

Justo Veríssimo, como os muitos que há no Senado, foi inspirado numa conversa de Chico com Alceu Valença, que conhecia um político pernambucano que tinha ojeriza a povo. O Bozó, que “trabalhava na Globo”, é o retrato do brasileiro que, sempre que pode, trafica influência – por menor que seja. Seu Pantaleão, o maior contador de casos da nossa história, tinha a voz inspirada na de Luiz Gonzaga. Painho é o retrato de uma Bahia onde muitos que chegam ao poder querem também ser painhos. E Alberto Roberto, sem dúvida, foi o maior galã de todos os tempos, na história da humanidade.Na memória de muitos brasileiros, no entanto, Chico será mais lembrado por sua atração mais recente: a Escolinha do Professor Raimundo, onde ele, com a sua alma generosa, abriu espaço e garantiu o sustento de vários humoristas veteranos – muitos dos quais, agora, o aguardam em algum lugar do paraíso. E assim como acolheu os mais velhos, ele também as portas da televisão para os mais jovens, como Tom Cavalcante, Claudia Jimenez e Heloísa Perissé.Chico Anysio se foi, mas é eterno, assim como suas criações. E a melhor maneira de homenageá-lo é assistir a alguns de seus vídeos disponíveis no YouTube, e ouvindo o sambão da Caprichosos de Pilares de 1984 - A visita da nobreza do riso à Chico Rei num palco nem sempre iluminado:
Sorria, meu povo
Sorria, "Chico Rei" chegou

Nesse palco todo iluminado
Que um dia por pecado (bis)
Se apagou
Ô ô ô ô ô ô

E Popó mandou cair na folia
A festa é nossa no reinado da alegria
É cascata, o pacotão
No combate, como bate o coração
Na agonia, com a corda no pescoço
A piada rói o osso
E alegra o meu povão

Salomé, Salomé
Bate um fio pro João (bis)
Que dureza não dá pé

Tantas loucuras
Dos ministros, "Os Trapalhões"
Brasil, "Brazil", brazuca
É Alice num país de ilusões
Meu sorriso brasileiro
Tempero nacional
Do Azambuja trambiqueiro
Do Turuna dando branca Federal
Palmas pro Velho Guerreiro
Que o ano inteiro faz seu Carnaval

Pai, painho
No abaitolá (bis)
Dando axé
Até o dia clarear
Obrigado por tudo, Chico!

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