18 de janeiro de 2011

JEITINHO BAURUENSE DE DISCRIMINAR (Panfleto)

Bauru: cidade de branco e de negro! Bauru: cidade de miscigenação! Bauru é fado, bacalhau, azeite, catolicismo! Bauru é feijoada, capoeira, samba e umbanda! Ah, cidade perfeita para os trouxas que acreditam nesse falaz argumento. Bauru: cidade de hipocrisia e preconceito! Preconceito à bauruense! Nosso Ku-Klux-Klan é composto por contadores de piadas, péssimas e porcas piadas por sinal, as quais ao nosso jeitinho bauruense vão indicando quem tem que ser o superior. É a cidade onde o "amigo" pode discriminar o outro sem problemas, pois tudo não passa de uma boa piada. "Preconceito? Preconceito onde? Isso aqui é Bauru, cidade miscigenada. Tenho até uma porção de amigos deficientes, inclusive já saí com mulher gorda".

Pobres somos nós, cegos porque queremos, já que nos é muito simples presenciar tudo isso e no final dar uma risadinha para fingir que entendemos e gostamos da piada. A máxima bauruense é "Preconceito não existe aqui!" A culpa é posta sempre na "povaiada" que vê preconceito em todos os cantos. Rídiculo preconceito bauruense, o qual é tão cruel que culpa a pessoa que o sofre dizendo que está tendo alucinações, está louca ou dizendo apenas que foi uma brincadeirinha mal entendida. É nesse ritmo do "somos todos irmãos, porém eu sou o irmão melhor" que pessoas de várias características vão vivendo em Bauru. O jeitinho bauruense de discriminar começa a ser aprendido bem cedo, pode ser ensinado pela família que sem perceber vai tratando preconceituosamente todos os diferentes que estão ao seu redor, ou na escola, já que desde que a criança começa a ter contato com ideias preconceituosas trazidas por colegas ou pelos próprios professores, as quais passam muitas vezes despercebidas, são apenas brincadeirinhas inocentes de criança, bobeirinhas, mas que com o tempo vão ganhando força e marcando profundamente a pessoa que discrimina e que é discriminada.

Neste sentido, o Boteco do Valente, apesar de ser um blog modesto, com pouco tempo de existência, vem nesta Jornada Bauruense pelos Direitos Humanos dizer o seguinte: para desconstruir esse preconceito à bauruense é necessário que desde muito cedo se comece a trabalhar, mostrando nas escolas para as crianças que todos pertencem a uma raça comum e que cada diferença tem uma importância sem sentido, a qual foi usada em um passado muito próximo como pretexto para tornar algumas pessoas inferiores. Além disso, é necessário mostrar o quanto sofre uma pessoa diferente ao longo de sua vida simplesmente porque nasceu de outro jeito. Assim, investindo nessa luta desde muito cedo, construiremos uma cidade onde todas as piadas que serão feitas poderão ser ridas por todos, independentemente de etnia, orientação sexual, deficiência, classe social ou crença religiosa.

Bauru, 22 de novembro de 2010.
Jornada Bauruense pelos Direitos Humanos

BOTECO DO VALENTE
BAURU, INTERIOR PAULISTA, BRASIL

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