2 de maio de 2012

Sport, Legítimo Campeão Brasileiro de 1987!

Em comemoração aos 107 anos do Sport Club do Recife comemorados no próximo domingo dia 13 de maio, justamente quando o Leão da Ilha vai em busca do seu  40º. título prenambucano contra o Santa Cruz, contaremos aqui toda a epopéia deste feito até hoje inédito e insuperável no futebol de Pernambuco. Este é mais um presente que orgulhosamente a equipe do Boteco do Valente tem o enorme prazer em oferecer a você que faz parte desta enorme nação de torcedores.

E FOI ASSIM QUE COMEÇOU...

Ano de 1987. Assume a presidência do Sport Club do Recife o engenheiro e empresário Homero de Moura Lacerda. Homero como já era bem conhecido do torcedor Rubro-Negro, é um homem de temperamento forte, com perfil guerreiro e se dispôs a fazer de tudo para tirar o Leão daquele jejum de títulos que vinha sofrendo desde a conquista de seu ultimo tricampeonato em 82, quando do mandato de José Antonio Alves de Melo.

O primeiro turno do Pernambucano daquele ano havia sido conquistado pelo Santa Cruz, o que estimulou mais ainda à vontade de Homero em tirar o Rubro negro daquele ostracismo. Ousado, como de costume, ele e sua diretoria de futebol começaram um trabalho árduo na busca de grandes jogadores para compor nosso elenco e promover uma reviravolta naquele campeonato.

Luiz Carlos, nosso grande centroavante, e Luizinho, um promissor lateral esquerdo, foram negociados com o Santos, de onde vieram o renomado ponta Éder Aleixo e de "contrapeso" o meia Ribamar, que ironicamente se tornou o maior craque do Sport naquele ano. Ainda vieram o fantástico Robertinho, o impetuoso Zé Carlos Macaé, Ademir Lobo e o veterano e campionissimo goleiro Émerson Leão.

O esforço surtiu o efeito desejado, tanto que conquistamos o segundo turno do campeonato e partimos para uma extra contra o Santa Cruz. A essa altura Leão já havia assumido o comando técnico, estreando nessa carreira. Jogávamos em casa pela vitória simples. Ainda no primeiro tempo nosso goleiro Márcio se contunde e Leão teve que dar uma de dublê de técnico e jogador e entrou na partida. Estávamos vencendo por 1x0 e isso já bastava. Mas infelizmente forças ocultas fizeram com que o nosso zagueiro Eraldo enfiasse a cabeça numa bola sem grandes perigos decretando o empate da partida em 1x1. E esse foi o placar final. Perdemos mais um titulo e o jejum prosseguia. Mas a idéia de Homero em dar um titulo ao Sport ainda estava fixa em sua mente.

NASCE O CLUBE DOS 13

Paralelamente a estes fatos, os principais clubes do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e o Bahia decidem se reunir e criar uma associação denominada Clube dos 13, presidida pelo então presidente do São Paulo Michel Aidar, que serviria exclusivamente para a formação de uma liga constituída somente por eles próprios e alguns outros poucos convidados, tentado assim, monopolizar toda mídia nacional e toda receita de patrocinadores a seu redor. Assim, Otavio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, respectivamente presidente e vice-presidente da CBF na época, começaram a ser pressionados de todos os lados pelo Clube dos 13, que contava com o apoio de Manoel Tubino, presidente do C.N.D., para que o campeonato Brasileiro daquele ano fosse disputado a seus moldes. Queriam escolher os participantes e toda renda publicitária mesmo que tudo isso ferisse os regimentos da confederação brasileira de futebol e os direitos adquiridos por outros clubes, como Bangu, Guarani, América-RJ, Criciúma, que havia feito extraordinária campanha no ano anterior e seriam excluídos da 1ª divisão sem razão plausível. O próprio Sport havia obtido índice técnico suficiente para permanecer no grupo de elite e mesmo assim ficaria de fora. Isso provocou a movimentação dos presidentes de federação e clubes que se sentiam prejudicados pelos desmandos que se anunciavam ocorrer.

CHEDID COLOCA PANOS QUENTES NA QUESTÃO...

Numa tentativa de agradar a gregos e a troianos, Nabi Abi Chedid organizou, e por sinal, muito mal-feita, uma tabela que dividia os clubes da primeira e segunda divisão em 4 módulos : Verde, Amarelo, Azul e Branco, onde os 2 primeiros seriam considerados 1ª divisão e os dois últimos, 2ª divisão. Ao final, o grupo verde e o grupo amarelo teriam seus respectivos campeões e vice que se enfrentariam num quadrangular, decidindo assim, quem seria o campeão do ano.

O Módulo Verde, do qual pertencia os membros do clube dos 13 mais Santa Cruz, graças a Marco Maciel, Coritiba e Geais, foi totalmente moldado segundo os interesses financeiros de seus componentes, pois concentraram em suas mãos toda transmissão de TV e um polpudo patrocínio da Coca Cola, não restando absolutamente nada para os integrantes do módulo amarelo.

15/09/87 - O INICIO DA GUERRA



Depois de tantos desmandos finalmente no dia 15/09/87 é aprovada uma tabela e um regulamento para a competição possibilitando assim o seu inicio. A idéia inicial de Nabi Abi Chedid foi mantida e a 1ª divisão passou a ser constituída pelo Módulo Verde formado por Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Bahia, Coritiba, Goiás e Santa Cruz, e o módulo amarelo formado por: Sport, Guarani, Bangu, Inter de Limeira, Náutico, América-RJ, Vitória, Atlético-PR, Criciúma, Joinville, Rio Branco, Atlético de Goiás, Portuguesa, Ceará, CSA e Treze. O Módulo Amarelo seria dividido em duas chaves, A e B, da qual sairia um representante de cada uma para disputar o titulo do Módulo Amarelo e, por conseguinte, o titulo nacional contra os vencedores do Módulo Verde.

Já no dia 16/09 o Sport faz sua estréia, na Ilha, empatando contra o Atlético PR em 1x1. Começou o campeonato e prosseguia a confusão. O América carioca não aceita o regulamento e se retira da competição, impetrando um mandato de segurança contra a CBF.

O Sport, em defesa de seus direitos, aciona a TV Globo, que tinha o direito de televisionamento exclusivo sobre o campeonato Brasileiro, pois só quem via a cor do dinheiro eram os componentes do clube dos 13. Também recebiam com exclusividade um milionário patrocínio da Coca-Cola e do açúcar União, que emprestou seu nome para batizar a disputa do modulo verde.

O clima fica feio entre a TV e o Módulo Amarelo que passa a ser boicotado pela mesma. Em retaliação a esse fato,numa verdadeira mostra de coragem, o Sport também boicota a TV e proíbe a comercialização de Coca Cola na Ilha do Retiro. No campo de jogo, o Sport vai vencendo seus adversários, sendo imbatível dentro da Ilha e irresistível fora dela.

CAMPANHA NA 1ª FASE

Turno
16/09 - Sport1x1Atlético-PR
19/09 - Sport 2x0 Guarani
23/09 - Sport 3x0 Criciuma
27/09 - Sport 1x0 Joinville
30/09 - Portuguesa 1x1 Sport
07/10 - Rio Branco 1x0 Sport
11/10 - Sport 4 x 0 Inter de Limeira
20/10 - Atlético-GO 0x0 Sport

Returno

25/10 - Ceará 2x1 Sport
28/10 - Bangu 2x0 Sport
01/11 - Sport 1x0 Náutico
08/11 - Sport 0x0 Vitória
11/11 - CSA 0x1 Sport
25/11 - Sport 2x1 Treze

SPORT X BANGU - VITÓRIA NO CAMPO DE JOGO E NOS TRIBUNAIS

A final da chave A foi disputada entre Sport e Bangu, time dirigido pelo bicheiro carioca Castor de Andrade. Foi uma verdadeira guerra. Na partida de ida o Sport foi hostilizado de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Os atletas e dirigentes leoninos foram apedrejados e coagidos. Com todo esse clima o Sport não conseguiu a vitória. Depois da derrota por 3x2 para o Bangu, Macaé declarou nos microfones das rádios que se o Sport perdesse do Bangu na Ilha ele mudaria de nome. A partida de volta foi realizada no dia 29/11/87 e o Bangu recebeu o troco com juros e correções. Não só levou uma surra de 3x1 como também foram severamente hostilizados pela torcida rubro-negra, tendo o seu presidente Castor de Andrade sido atingido por uma pedra no rosto. Nesta partida muitos torcedores passaram mal pela emoção envolvida e infelizmente alguns vieram a falecer.

SPORT: Flávio, Betão, Estevam, Marco Antonio, Macaé; Rogério, Ribamar e Zico; Robertinho, Nando e Neco.

Bangu: Gilmar, Edvaldo, Marcio, Rossini, Mauro Galvão e Pedrinho; Tobi, Robson e Paulinho Criciúma; Marinho, Gil e Macula.

Juiz: José de Assis Aragão

Gols: Zico, Betão e Nando para o Sport e Marinho para o Bangu.


O resultado deu o titulo da chave A para o Sport , que foi em seguida decidir o módulo Amarelo contra o Guarani. Mas antes que esse jogo fosse realizado o Bangu protestou contra a partida na Ilha tentando alegar que o jogo foi realizado dentro de um clima totalmente desfavorável ao seu time. Mas o Sport venceu em 1ª e 2ª estância e deu prosseguimento a sua campanha vitoriosa. É valido ressaltar que o presidente da FPF, Fred Oliveira, quando compareceu em uma destas audiências envolvendo Sport e Bangu foi violenta e covardemente agredido pelos capangas do bicheiro.

SPORT CAMPEÃO DO MÓDULO AMARELO

Continuando a luta pelo título maior, Sport e Guarani se enfrentam em 2 partidas de ida e volta pelo título do Módulo Amarelo. As partidas ocorreram em dezembro de 1987. No jogo de ida fomos derrotados por 2x0. No jogo de volta vencemos por 3x0 e como o regulamento não previa critérios de desempate para este caso houve decisão por cobrança de pênaltis. Quando o placar marcava 11 x 11 o Guarani desistiu da disputa dando assim o título do Brasileirâo de 1987 para o Leão.

FUGA DO CRUZAMENTO: INTERESSES FINANCEIROS E TEMOR DA DERROTA

Determinado os campeões e vices dos dois módulos, segundo o regulamento, deveria haver um quadrangular decisivo entre eles de modo que o clube que obtivesse o melhor índice técnico seria declarado Campeão Brasileiro de 1987.

Como se sabe, a Coca Cola havia fechado um patrocínio gordo com o Clube dos 13 para que sua marca fosse exibida de todas as maneiras possíveis durante os jogos. Foi sugerido inclusive que se colocasse no circulo central de campo a logomarca do refrigerante. Tal procedimento fere as leis da FIFA e por isso seria impossível sua concretização. Portanto o acordo firmado entre a fabrica de refrigerante e o Clube dos 13 seria o uso da logomarca no uniforme de todos os clubes que participasse da competição sob pena de não receber os 50% da verba restante ao final do campeonato. O Sport e o Guarani estavam rompidos com a Coca Cola e por isso seria impossível cumprir tal exigência, pois alem disso não viram as cores do dinheiro.

Então Marcio Braga, presidente do Flamengo, junto com Aidar, presidente do Clube dos 13, temendo perder a verba da Coca e o titulo nacional de 1987 tentaram de todos os artifícios possíveis para acabar com o cruzamento entre os módulos.

Numa primeira tentativa, vergonhosamente Aidar tenta aliciar Homero, oferecendo-o uma vaga no clube dos 13 em troca do cruzamento. Este foi veementemente negado. Então começaram as ameaças de aleijamento no campeonato seguinte.

Em outra tentativa, utilizou-se de Manoel Tubino, presidente do C.N.D., desta vez para alterar o regulamento de uma competição já quase concluída, retirando o cruzamento do mesmo. Então Tubino convocou um conselho arbitral para votar tal questão em 16/01/88. A decisão de 383 votos por 96 pelo cancelamento do cruzamento de nada valia, pois esse tipo de alteração deve ser aprovado apenas em caso de unanimidade. E é importante observar que a diferença não é tão expressiva quanto parece visto que o peso dos votos depende da posição no ranking.Nova derrota para eles. Assim, como não conseguiram nenhum meio legal para impedir o prosseguimento do campeonato as datas dos cruzamentos finalmente foram marcadas.

SPORT CAMPEÃO BRASILEIRO DE FATO E DE DIREITO

Em 27/01/88 o Sport venceu o Flamengo por WO assim como o Guarani vencia o Internacional, também por WO. Marcaram-se então as duas partidas finais para 31/01 em Campinas e 07/02 aqui na Ilha. O primeiro jogo acabou em um empate de 1x1, tendo Betão de pênalti marcado a nosso favor. A grande final foi marcada na Ilha dia 07/02/88 e como de costume, ela estava lotada. O jogo foi transmitido ao vivo para todo Brasil pelo SBT. Uma verdadeira festa que assombrou a todos aqueles que nunca acreditaram naquilo. Girândolas, fumaça colorida, leonetes, tudo que se tinha direito para a ocasião.

O jogo se inicia com o Sport para cima e o Bugre um pouco inibido, talvez pelo nervosismo. Ao passar do tempo o Sport continua melhor embora o Guarani comece a se aprumar na partida. Estevam, nosso capitão, desperdiça uma cabeçada com a barra aberta. No segundo tempo é que tudo acontece. A partida continua no mesmo ritmo até que aos 20 minutos, Betão bate escanteio com precisão impar na cabeça de Marco Antonio, que mete a bola para o fundo das redes fazendo a Ilha explodir de emoção. E esse gol foi o suficiente para sermos campeões Nacionais de 1987. Conseguimos suportar a pressão desordenada do Guarani que o juiz deu a partida por encerrada. Foi simplesmente fantástica a festa. Toda torcida queria estar junto de seus heróis. O troféu estava lá. Foi erguido por Estevam num momento histórico para o Leão da praça da Bandeira. E a partir daquela data todo torcedor do Sport pôde encher a boca e o peito de orgulho para dizer: EU SOU CAMPEÃO BRASILEIRO DE FUTEBOL!

O ULTIMO SUSPIRO DA PANELINHA DOS 13 

Numa ultima e desesperada tentativa de impedir a homologação do titulo Rubro-Negro, Manoel Tubino, a mando de Marcio Braga, alega que as partidas finais daquele campeonato de 1987 deveriam ser anuladas, pois haviam ocorrido no ano de 1988 e tal precedente só poderia ser aberto mediante a uma solicitação documental à C.N.D. Porém, o blefe só serviu para desmoraliza-lo, pois Abi Chedid apresentou copia do fax em que Tubino autorizava a realização de partidas do campeonato no ano de 88. Assim, todos os recursos na justiça desportiva se esgotaram.

O Flamengo tentou por diversas vezes recorrer a justiça comum obtendo fracassos estrondosos. Até que desistiu sob ameaça de ser punido pela FIFA. Assim sendo o Sport Club do Recife é o único campeão Brasileiro com o titulo atestado pela justiça desportiva e comum. E essa luta Titânica revelou a toda a Nação como nosso amado Sport Club do Recife é forte e grande.




Um comentário:

lima disse...
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