José Serra (tinha que ser ele de novo!), depois de provocar mal estar entre argentinos, uruguaios e paraguaios afirmando que o Mercosul "é uma farsa", resolveu mostrar para o eleitor como é um gênio da diplomacia. Afirmou que "A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia. O governo boliviano é cúmplice disso."
O Governo da Bolívia reagiu, claro. Disse o ministro da Presidência da Bolívia, Oscar Antezana: "Isso não me parece correto, cabível. Se ele sabe algo, que diga o que sabe e siga os trâmites legais para fazer a denúncia. Se não fizer, ele é que é o cúmplice". E agora José? Na política externa não se admite acusações sem provas, pois estas costumam ser usadas como estopim para se fazer uma guerra.
Se Serra, por um acidente, virasse presidente, já começaria colecionando as trapalhadas diplomáticas desde a campanha. Ou ele acha que os vizinhos esquecerão suas palavras por terem sido ditas "no calor da campanha"? A campanha nem esquentou ainda e as pérolas do candidato da direita já abundam. É uma vergonha para o Brasil.
No primeiro momento de sua estabanada tática diplomática Serra afirmou que: "A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia, que é um governo amigo, não é? Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disso. Quem tem que enfrentar essa questão? O governo federal."
Era uma tentativa de dizer que o governo federal não age. Mas como o governo federal vai "enfrentar esta questão", se o "Governo Boliviano é cúmplice" do narcotráfico? Será que Serra entendeu que está propondo que o Brasil enfrente a Bolívia? Será que percebeu que está afirmando que o Estado Boliviano é cúmplice de crimes?
A diplomacia e a força são as duas únicas vias para "enfrentar" um outro país. Se Serra esperasse ser um presidente diplomático já teria começado muito mal: criando embaraço. Considerando o jeito que age, ele parece não esperar ser presidente de fato, ou pelo menos não um presidente inteligente. Mas, caso o Serra fosse irresponsavelmente eleito, e pretendesse usar a força, já teria começado bem: com acusações sem prova. Como Bush contra o Iraque e o Afeganistão.
Em um segundo momento, já percebendo que poderia ter protagonizado outra gafe internacional, afirmou que o governo boliviano faz "corpo mole". Amenizou o tom, passando o governo boliviano de cúmplice a leniente. Quando refletiu mais um pouco sobre a gravidade de sua genialidade, resolveu afirmar que o que disse não era motivo para incidente diplomático: "Por quê? A melhor coisa diplomática é o governo da Bolívia passar a combater ativamente a entrada de cocaína no Brasil, não apenas o Brasil combater". Ah, então quer dizer que o governo federal está combatendo, fazendo o seu papel?
Que confusão! Esta confusão toda é porque Serra está perdido, porque não para de cair nas pesquisas. Está querendo aparentar ser firme para ver se reverte o quadro, e se para isso tiver que criar conflitos com os países vizinhos, tudo bem... afinal o que são estes povos perto do seu projeto particular de poder? Mas acredito que o Brasil dará mostras de sua maturidade política e da responsabilidade do seu povo, e derrotará nas urnas o candidato da oposição. Demonstrará que não dá lastros à políticos gananciosos, destes que não hesitam em colocar seu projeto pessoal de poder acima da nação e dos povos vizinhos.Pelo amor de Deus, Serra, fica quieto, pé no saco!
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