20 de maio de 2011

Osama Bin Laden morreu, deu no jornal. Viva Osama Bin Laden!

Hoje, por incrível que pareça, ainda há jornalistas, apresentadores de TV e de programas de rádio e até professores de comunicação que repetem que a mídia é neutra. Que ela é imparcial, que “não tem lado”. Que sua missão é informar, informar e informar, pois  a notícia da suposta morte de Osama Bin Laden por uma tropa de elite americana pegou o mundo de surpresa, na manhã da segunda feira, 2 de maio de 2011, e desse dia em diante,  virou num verdadeiro carnaval no decorrer do mês. Uma onda de boatos e especulações sobre a lendária figura e suas ações terroristas, espetaculosas contra alvos americanos, varreu o globo. A mais emblemática e celebre foi o ataque as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001. Dez anos depois do maior revés sofrido pelos americanos, nesta guerra diuturna contra o terrorismo, a forra veio como uma vingança tardia. Nem o título paulista de 2011, conquistado pelo Santos em cima do Corinthians pelo placar de 2 X 1 no estádio da Vila Belmiro, foi tão discutido assim! O alivio no mundo ocidental foi evidente. As bolsas subiram, o dólar subiu, se ouviu rojão estourando a torto e a direito e o preço do petróleo caiu, e as comemorações populares nos EUA não pareciam adequadas e condizente com o respeito que se deve aos mortos, mesmo se considerarmos que se referia ao maior líder terrorista destes nossos conturbados tempos. Afinal diz o ditado que não se chuta cachorro morto, e sugere o bom senso que não devemos tripudiar sobre um defunto, ou quente ou frio.  Engraçado anunciarem a morte de Bin Laden sem mostrar nenhum uma gota de sangue dele, nenhum pedaço do braço, nenhuma bala na cabeça...não foi assim que fizeram com o Sadam? Por que não mostrar o corpo de Bin Laden? Por causa da religião dele ( ele era muçulmano da corrente wahabista, um pouco mais rígida do que o normal) ? Isso só pode ser safadeza mesmo. Obama estava mal nas pesquisas (eleições para presidente) e com uma notícia dessas, o que vocês acham que vai acontecer? Podemos estar errados, mas pra  nós do Boteco do Valente, isso já está começando a feder a puro marketing eleitoral! 
A reação da sociedade americana, partindo principalmente de muitos jovens, que ainda eram crianças quando o Império contra atacou, tem uma explicação simples e razoável. Mostrou como a ação planejada e comandada por Bin Laden permaneceu como osso atravessado na garganta dos americanos, por uma década, menos pelas mortes de conterrâneos, e mais como um humilhante e fatal golpe no orgulho ianque. Enquanto isto o mito Bin Laden crescia. De um lado, ao não ser alcançado pelo braço longo e justiceiro do tio Sam, e do lado mulçumano, o do homem que havia imposto o mais duro golpe que se tem noticia no nariz do assim chamado Grande Satã?. A capacidade de Bin Laden escapar por tanto tempo de todas as investidas dos Estados Unidos da América, consolidou a idéia da sua incolumidade. Só poderia, segundo a visão mulçumana, estar sobre a proteção de Alá.

Entre os boatos, apareceu, a possibilidade de uma farsa criada pelos americanos para por fim a sua incompetência. Aquela teoria antiga de que o onze de setembro foi uma farsa também voltou com força. Nunca a levei a serio. Apenas porque ela não faz nenhum sentido. Porque criar-se uma dramaturgia tão cara e dolorosa ao povo americano a pretexto de justificar a invasão do Afeganistão, se nós sabemos que os EUA não precisam de pretexto ou de maiores justificativas para invadir, com seu formidável arsenal tecnológico quase todos os países do mundo.

Digo quase, por que ele não se arriscaria contra uma China ou uma Rússia, por exemplo, mesmo se tivesse todos os motivos do mundo. Falam que Bin Laden não foi morto, alegando que não era justificável se livrar do corpo assim tão rapidamente.  Neste sentido podemos também fazer nossas especulações. E se ele foi morto e não jogado ao mar, mas congelado numa gelaideira para cadáveres?

A afirmação de que jogaram o corpo ao mar, teria neste caso o objetivo de se evitar sua tentativa de resgate, e da possibilidade de transformar seu corpo num motivo de peregrinação. Para os Estados Unidos o mito do homem cruel e invencível esta morto, e neste sentido qualquer sujeito que aparecer a partir da notícia de sua morte, se identificando como Bin Laden, será apenas mais um sósia maluco.  A vingança ou a justiça, como queiram foi levada a termo e lavou a honra americana. Mas para o povo mulçumano será que o mito morreu? Ou será que nasceu um novo profeta para bradar aos quatro ventos, pela guerra santa contra o Grande Satã?  Quem sabe se uma voz soprada pelos ventos do deserto, não levará aos povos sofridos do oriente médio, a proposta de, não sete, mas cem virgens, como prêmio pela morte honrosa.

O corpo de Bin Laden neste caso, ou jogado ao mar, ou congelado num freezer, estará como um fantasma barbudo e vestes mulçumanas, a comandar agora uma tropa, não de terroristas, mas de fanáticos religiosos armados até dentes com seu ódio milenar, e todos os tipos de armas conhecidas, convencionais ou não. Até mesmo algum míssil nuclear contrabandeado e destinado a levar a sua guerra santa para a era da mais alta tecnologia. Ou talvez não. Quem pode saber? Isso é o que os americanos querem que o mundo acredite.  A Globo se presta a participar desse jogo de cena, para nao dizer escárnio.  As relações bilionárias de negógios da família Bush com a família Bin Laden no ramo armamentício sâo há muito ventiladas na mídia independente pelo mundo a fora, assim como as análises de peritos que atestam que o 11-S nao nao foi um evento provocado por terroristas externos. A Globo nao fez qualquer menção. Isso sim merecia um plantao de notícia em horário nobre. uita gente sai por aí falando pra Deus e o mundo ouvir: “Deu no jornal” ou “deu no Jornal Nacional”. Ou pior ainda, “você não viu no Fantástico?”. Ter saído nestes meios de comunicação é quase um atestado de confiabilidade, de verdade.Um certificado de garantia. Sabemos que não é nada disso. Mas o mito da neutralidade e da objetividade continua. Deu no jornal, é verdade. Deu na televisão. E, a partir daí, para milhões e milhões de telespectadores é o fim do mundo: é a verdade sagrada dos deuses dos céus. E para muitos, até o rádio faz parte das verdades sagradas. Mas aqui vai um alerta seríssimo do Boteco do Valente: a mídia é uma das duas componentes da disputa de hegemonia na sociedade. A hegemonia se garante com força e consenso. E a mídia é muito útil para produzir consenso. Ela não é neutra coisíssima nenhuma. E para compreendermos uma determinada realidade social, devemos procurar pela raiz dos fenômenos que nela incidem. Para isto, precisamos das
mais completas e seguras informações sobre a situação econômica e política do período que queremos estudar e sobre as transformações econômicas, políticas e culturais  que levaram a um determinado quadro político e social. Devemos nos acostumar a consultar sites e fontes que tenham sua qualidade confirmada por um conjunto de movimentos sociais, universidades, órgãos não-governamentais e governamentais. E saber quem os alimenta e para quê. Deve-se levar em conta quem informa e como recolheu a informação e, sobretudo, qual o objetivo de mandar ou disponibilizar tal ou tal outra informação. Precisamos sempre ter presente que cada fonte tem sua base ideológica. Por isso, devemos nos esforçar para ter a frieza de anatomistas. Nossos anseios, reclames, nossa raiva ou nossos desejos podem esperar para ser ativados no momento das propostas de ação, na defi nição de ações para mudar determinada conjuntura a nosso favor. Antes disso, como dizia o filósofo, nem rir, nem chorar; mas, sim, compreender. A nossa análise de informações necessárias para uma ler uma notícia deve sim funcionar como uma  espécie de dissecação de um cadáver. Dissecação da realidade sobre a qual se quer pensar.Há informações que podem ser encontradas em profusão na Internet. Mas... todo cuidado é pouco. A Internet é mais vulnerável do que o papel...aceita qualquer porcaria! Quem quiser pode espalhar suas pérolas ou seus venenos, desde um moleque irresponsável até os chamados “serviços de inteligência”, com sórdidas finalidades. Para basear-se nas informações da Internet é preciso ter uma listagem de sítios, portais, agências, blogs e redes de e-mails que sejam testados, conhecidos.Quando se entra em contato com fontes desconhecidas,é necessário usar a eterna prudência e desconfiança.Não é porque uma notícia está  na Folha, no Estadão, saiu no Jornal Nacional ou no Fantástico, virou capa da semana na revista Veja e afins que está correta. Depende de quem a colocou lá. E isso vale para todas as inúmeras fontes, com os trilhões e informações que estão disponíveis para bilhões de usuários.Todas as informações vêm de fontes. É importante se assegurar de que estas fontes sejam seguras.Você beberia água de uma fonte qualquer, sem saber se o líquido que sai dela é limpo ou contaminado? As aparências não são uma boa base para planejar uma ação. Uma água pode ter uma linda aparência cristalina e ser envenenada. Pois é, com a informação é a mesma coisa. Precisa-se conhecer a origem da informação, ou seja, a fonte. Às vezes, a gente até  aceita beber uma água nem tão boa – mas sabendo que vai ter algum problema ou uma tremenda complicação estomacal. E devemos procurar a boa água.

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