Quando se fala em teologia, logo as pessoas imaginam religião, Igreja, fé e outros. Isso porque pensam que teologia é o estudo da religião, de Deus. Antes de falarmos um pouco sobre a Teologia da Libertação, devemos entender que à teologia está extremamente ligada a antropologia, a cosmologia, logicamente a filosofia e também a psicologia e outras gnoses. Enquanto a filosofia estuda a estrutura do ser, a teologia procura entender o significado deste, ou seja, a existência. Quando se estuda a existência, automaticamente a teologia é obrigada a estudar as crenças, as religiões, as idéias, o “sobrenatural” e outros porque a existência está e sempre esteve ligada a essas idéias mitológicas. Dessa maneira não existe uma teologia, mas várias teologias que convergem para várias epistemologias.
O homem é um ser integral, holístico. Isso significa que sua existência é construída a partir de fatores social, político, psicológico, econômico e outros. Não é possível dissecar essa formação ontológica. Notamos que a religião cristã logicamente sempre esteve ligada a esses fatores, reflexo de sua humanidade. Porém notamos um tremendo abuso desses fatores existenciais a fim de dominar as massas. Nos restringindo ao fator político-econômico, sabemos que a Igreja já dominou o mundo, com seus cofres cheios e o Estado em suas mãos. Porém o mundo cansou se ser alienado pela Igreja e até mesmo os religiosos se levantaram contra essa alienação. A Teologia da Libertação é essa reação dentro da Igreja latino-americana, lutando em prol do povo, do pobre, do necessitado.
A Teologia da Libertação tem suas raízes no marxismo. Na Alemanha, Jürgen Moltmann propôs uma teologia chamada de Teologia da Esperança. Essa propunha que toda religião é recheada de utopia e que a religião cristã deveria apresentar esperança ao povo, promovendo a revolução social e não servir ópio e alienação ao povo.
Porém antes de Moltmann, que publicou sua idéia em 1965, o teólogo Paul Tillich já dizia algo como socialismo religioso. A teologia de Tillich era elaborada a partir da leitura histórica e da análise existencialista. Nisso se identificava com Karl Marx. Esse método de teologizar o levou a propor uma identificação da teologia com o povo, que em sua época sentia os horrores da guerra mundial.
O brasileiro Rubem Alves apresentou em Princeton em 1969, originalmente como tese, A Theology of Human Hope (Uma Teologia da Esperança Humana). Nessa obra o teólogo volta-se para a necessidade do terceiro mundo, em especial a situação da América Latina. Porém, infelizmente Rubem Alves não conseguiu com êxito aplicar sua teologia na igreja protestante brasileira, pois sabemos como o protestantismo (nesse caso o presbiterianismo) é ligado ao capitalismo, ligação extremamente forte, pois tem seu alicerce na doutrina calvinista, em especial a doutrina da predestinação (Max Weber).
Contudo, na Igreja Católica Apostólica Romana na América Latina começou a ter uma mudança. O CELAM se reuniu na Colômbia, onde os bispos mostraram uma preocupação com os pobres e com as desigualdades.
O nome de Teologia da Libertação apareceu em 1971, através do peruano Gustavo Gutierrez, que publicou uma obra com esse título, propondo a libertação social dos povos latino-americanos. Outros nomes surgiram como: Enrique Dussel, José Miguez Bonino, o brasileiro Leonardo Boff que escreveu Jesus Cristo Libertador, A Ressureição de Cristo, Nossa Ressureição Na Morte, que está disponível na íntegra para leitura aqui na Biblioteca do Boteco, e outros.
A Teologia da Libertação não se preocupa com os dogmas, mas com a ação dos cristãos em prol das mudanças sociais. Jesus Cristo nos foi um grande exemplo de homem que lutou pela justiça, pelo amor e principalmente pelos pobres. É uma teologia criada a partir da situação de miséria da América Latina. Ser cristão é ser um agente de mudança política, estar ligado à necessidade do próximo, dos doentes e outras causas.
Muitos teólogos da Teologia da Libertação trabalham hoje em torno do ecumenismo. Leonardo Boff por exemplo, tem escrito livros voltados a mística e ao ecumenismo. Muitos interpretam a mística como colaboradora para o espírito militante. A Igreja Católica Romana no Brasil tem feito louváveis trabalhos sociais, como as pastorais voltadas à criança, ao jovem, ao idoso, ao indígena e outros grupos que vivem com dificuldades. A salvação do povo está na libertação da opressão. Povos cristãos e irmãos devem se unir para melhor todos viverem
Particularmente, nós aqui do Boteco do Valente, não somos místicos, mas parabenizamos os grupos católicos que mesmo através da mística têm resgatado a necessidade de haver um mundo melhor através da igualdade social.
Chega de alienação e chega de se preocupar apenas com a salvação do espírito. É momento de esquecermos os dogmas religiosos e lutarmos pela LIBERTAÇÃO de nosso povo. Viva a revolução!!
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