21 de novembro de 2011

Casa dos Conselhos: Não Vai Prestar!

A eleição para a formação do novo mandato para o Conselho da Condição Feminina em Bauru, cujo pleito foi encerrado no dia 18/11 à noite, tem como um dos principais ingredientes de mobilização política a atração de representantes de diferentes partidos. Independentemente do resultado da composição dos 11 novos titulares que foram anunciados no sábado, a eleição do novo conselho trouxe como ingrediente a conjunção de militantes de diferentes tendências pela mesma causa, a defesa e o desenvolvimento da mulher.

Entre os 59 inscritos para compor as 11 vagas titulares, além de igual número de suplentes, estão filiados de legendas como PT, PMDB, PSB, PR, PSC e PMDB. A lista também identificar o grupo que procurou maior mobilização em torno da eleição, onde estão incluídas mulheres que já militam no segmento já anos e participantes da atual Casa dos Conselhos, com vínculo junto ao governo municipal. O mandato para o novo conselho é de dois anos.

Mas a formação do conselho, ou pelo menos das inscritas, também conta com profissionais de segmentos diversos, como médicas, servidoras, advogadas, comerciárias e domésticas, além de profissionais com inserção em segmentos com representatividade social, como integrantes vindos de outros conselhos municipais (como da Educação e Saúde), sindicatos e OAB, por exemplo. Até o final da tarde de ontem, mais de 330 pessoas já haviam comparecido na Casa dos Conselhos, no Altos da Cidade, para escolher os nomes preferidos. O escrutínio da lista dos mais votados prosseguiu até a noite de ontem. 

Agora cabe a nós  do Boteco do Valente, colocar algumas questões aqui:a maioria das escolhas de conselheiros para compor os Conselhos Municipais ocorre de forma tranqüila, sem grandes turbulências. Nelas as pessoas se predispõem a participar e doar o seu quinhão, contribuindo com seu conhecimento, experiência e sapiência para a construção de uma cidade mais saudável. Tudo evidenciava algo com a mesma tranqüilidade na que ocorreria na última sexta, 18/11, para o Conselho da Condição Feminina de Bauru, um dos poucos com eleição direta, com participação da comunidade bauruense. 

Ali, até hoje, abnegadas mulheres se revezavam num trabalho pela causa feminina (como muitas continuam fazendo até hoje)  e não se via o uso de máquina política, muito menos gente chegando em massa, carros saindo e chegado a todo instante, todos com papelzinho na mão e indo votar sem saber nem no que. Mas foi o que ocorreu naquela sexta na Casa dos Conselhos, local desse pleito.

Sem muito esforço, quem estava lá constatou ser o que mais se pode repudiar no quesito eleição, ou seja, o uso de uma truculenta máquina voltada para eleger um grupo e desbancar outro. Onze conselheiras foram eleitas e dentre seus nomes, algumas que já estão em plena campanha para a vereança no próximo ano. O entendimento feito é o de que possa ocorrer no Conselho o seu uso como um QG político, uma espécie de trampolim para atividades de uso exclusivamente eleitoreiro, exatamente como já ocorre hoje com a Casa dos Conselhos  cuja lotação no dia estava totalmente esgotada,sendo que nem um galinheiro fica tão cheio desse jeito (fato que já foi denunciado e tem algo sendo investigado pela Justiça, e quando pegar, vai voar pena pra tudo quanto for lado!). E se isso de fato ocorrer, a cidade precisa tomar conhecimento disso o quanto antes e excluir essas pessoas da vida política. 

A pessoa almejar um cargo político, tudo bem, todos podem, mas começar já sendo eleitas dessa forma, arrebanhando gente e levando-as para votar em massa, distribuindo ali colinhas com seus nomes é algo abominável. Quem se predispõe a participar disso precisa ser impedido de participar de eleições e de atuar em cargos públicos, pois já começou do jeito mais errado existente.

Muitos dos presentes ali, percebendo como aquilo tudo estava servindo a alguns propósitos, entupiram de gente a Casa, e o que se ouviu algumas pessoas foi que: a Casa dos Conselhos virou a Casa da Mãe Joana e lá o que menos pode ser dado são conselhos. Para muitos ficou desaconselhável passar perto de uma antes respeitada casa. Não se  sabe como alguns Conselhos ainda conseguem fazer ali suas reuniões. Que agrupamento é aquele instalado ali? E nessa eleição carro andou de cima para baixo e até um sindicato ficou totalmente à disposição o dia inteiro. Tudo foi lidado como se fosse uma eleição daquelas acirradas entre correntes opostas de sindicato, grêmio estudantil, associação de bairro, centro acadêmico, ou coisa que o valha. Virou campo de batalha e com uma faísca tudo poderia pegar fogo. Isso tudo deve servir de alerta para o que está por vir e como sugestão inicial fica a seguinte dica: por que um vereador não pede as contas pagas de telefone daquela Casa?

 É um começo, pois a finalidade para que foi criada já não existe mais e depois outro alerta: a cidade precisa estar atenta para as eleições dos outros Conselhos, pois talvez ocorra a repetição da mesma fórmula milagrosa para se chegar aos píncaros da glória. Vale mesmo a pena fazer de tudo, apelar para o que de pior existe existe num regime dito democrático para se ganhar eleições? Alguém aí se habilita a puxar o fio dessa meada?

Essa divisão só nos torna vítimas mais fáceis da repressão. É por isso que nós, do Boteco do Valente, defendemos a UNIFICAÇÃO da gerência da Casa dos Conselhos, através de uma série de fóruns e encontros, com o objetivo de criar uma organização única, com uma coordenação formada por membros das ocupações, em que convivam todas as correntes políticas e ideológicas que atuam no movimento.

Só com uma gestão unificada poderemos debater e adotar um programa de resistência contra os ataques dos partidos e dos oportunistas que sempre querem se apossar da Casa dos Conselhos. E avançar a consciência e a organização das conselhos muicipais de nossa cidade, tornando acessível a TODOS os conselheiros municipais a consciência da necessidade de lutar contra o capitalismo, o sistema racista e machista que nos explora e acaba com as nossas condições de vida.

Sabemos que isso não é uma tarefa fácil. Existem muitas rixas antigas entre todos os grupos. Mas não temos que nos preocupar com militante A ou B, e  com  partido C ou  Y muito menos e sim com as necessidades da base. Com a pressão vinda de baixo pra cima, podemos garantir a unificação, e impedir que esses conflitos acabem dividindo a nossa luta. 

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...
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