Muitos estudantes da Unesp já começam a debater e se levantar em solidariedade aos 73 estudantes que foram tornados presos políticos na USP a partir da absurda repressão policial ocorrida no último dia 8, comandada pelo governador do estado Geraldo Alckmin e pelo reitor da USP, João Grandino Rodas. Na Unesp de Marília e de Rio Claro foram realizadas paralisações em repúdio à repressão policial e outros campi, como Assis, já indicam fortalecer essa mobilização.
“Prenderam 73... agora são milhares, lutando de uma vez!”
Num contexto nacional marcado pelas ocupações policiais nos morros e favelas cariocas com as UPP’s, caracterizando uma onda de choque de repressão ao povo negro e pobre, com invasões das casas, mortes e prisões sem controle, essa invasão da PM à USP não é, nem de longe, o fato de maior violência policial atualmente. Contudo, a prisão desses 73 lutadores abre um precedente importante para que qualquer ocupação do MST seja ainda mais duramente reprimida, para que qualquer manifestação popular resulte em mais mortes etc., legitimando um endurecimento contra os movimentos sociais por parte da polícia que já é das mais assassinas do mundo.
Se o governo do estado e a PM reprimem com esta magnitude o movimento estudantil na USP, imagine o que se fará com o MST, MTST, com a juventude pobre e trabalhadora do país. Além disso, a presença da PM nas universidades significa antes de tudo a opressão e o cerceamento dos poucos negros que integram essas instituições. O mesmo podemos dizer dos homossexuais, que durante as prisões não só eram reprimidos como os demais lutadores, mas também sofriam forte opressão por sua orientação sexual.
Além dessas marcas já conhecidas da ação policial, a situação ocorrida na USP tem o agravante de ter sido orquestrada diretamente pelo governo do estado que tinha interesses específicos, pois, como relatam os presos, o próprio delegado já havia indicado que somente seria feito um BO quando recebeu ordens superiores para que todos fossem enquadrados na maior parte de crimes o possível – daí coisas como poluição ambiental, formação de quadrilha etc. O interesse de Alckmin e seu secretário de segurança pública (Antonio Ferreira Pinto) em punir exemplarmente os estudantes da USP vai além do interesse comum com Rodas que é o aprofundamento da implementação do seu projeto elitista e racista de universidade, com essa desproporcional ação militar pretendiam também amedrontar e silenciar os estudantes que se levantavam sendo a voz dos setores mais reprimidos da sociedade, tal como fizeram nas lutas junto às terceirizadas da limpeza e como deixavam claro com suas reivindicações de “FORA PM DAS UNIVERSIDADES, FAVELAS E PERIFERIAS!”.
A repressão aos estudantes que se levantavam na USP como porta vozes dos que não podem entrar nas universidades brasileiras saiu pela culatra: os 400 homens armados e treinados para matar que atacaram mães e crianças que estavam no CRUSP naquela manhã somente conseguiram fazer com que milhares se levantassem numa histórica assembleia de mais de 2000 e votassem a greve geral pela retirada da PM, fim do convênio e retirada dos inquéritos policiais. Já são dezenas de intelectuais e artistas altamente reconhecidos os que se colocam categoricamente contra esse ataque.
Nós, estudantes da Unesp que também já acumulamos nossas batalhas contra o batalhão de choque e seus comparsas na burocracia acadêmica (Gomide, não esquecemos as prisões de 2007 em Araraquara!), além de também termos vários estudantes reprimidos, como Adriano, de Franca, devemos colocar todos as nossas forças numa campanha unificada pela imediata retirada desses inquéritos aos 73 presos políticos na USP! Nas universidades públicas brasileiras, tem se intensificado a repressão não só ao movimento estudantil, mas também, ao movimento de professores e funcionários. A presença da Polícia Militar escancara a tentativa do Estado de silenciar os movimentos da comunidade universitária que mostram justamente a negligência do Estado com a Universidade Pública. Esta presença também fere o princípio da autonomia universitária e impede o exercício do livre pensamento necessário para a atividade acadêmica, além de ferir diretamente a liberdade de expressão dos movimentos organizados.
Ao acompanhar os últimos eventos na USP, a galera do Btoteco do Valente repensou a repressão dentro da nossa própria universidade, onde câmeras, muros, processos administrativos contra estudantes, incursões da PM, e policiais à paisana em nosso campus demonstram como o aparelho repressivo do Estado tem aparecido de diversas formas e em várias universidades.
Por isso a galera do Btoteco do Valente apóia a Greve Geral dos estudantes da USP, a luta pelo fim do convênio PM-USP e a luta contra a repressão em todas as universidades públicas.
Contra a criminalização dos movimentos sociais!
Por uma universidade pública autônoma e livre!
Contra a presença da PM (Paus Mandados de farda) no campus!
USP SIM, GAMBÉ NÃO!
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