Já que ninguém fala, direi eu.
Está na hora de nós, são-paulinos de fina estirpe, tricolores de quatro costados, assumirmo-nos: somos bambis, sim senhor! Por que não?
Depois de muito ruminar o assunto, agora, pondo em perspectiva, creio que o Vampeta prestou um grande serviço quando nos colocou o apelido. Jocoso, pra dizer o mínimo.
Vamos falar claramente.
Funciona assim: chamo alguém de bambi querendo associá-lo à homossexualidade, de forma a diminuí-lo ou desvalorizá-lo, como se isso diminuísse ou desvalorizasse quem quer que seja.
E nós, tricolores, temos nos sentido ofendidos, sem lembrarmo-nos de que a ofensa só acontece quando o ofendido se dá por ofendido.Pleno 2008, quase 2009, século 21!
Se futebol é coisa de macho, amigo, é também de mulheres e homossexuais, e de qualquer outra classificação em que se encaixe quem ama esse esporte.
Tricolores hetero, bi e homossexuais, são-paulinos civilizados, hexacampeões que querem ver cada vez mais distantes a barbárie e a selvageria que assolam este mundão de meu Deus, vamos assumir em coro: somos bambis, sim, senhor! Somos bambis!
Vamos fazer como fez no passado o Palmeiras, que adotou o porco, e hoje faz lindas festas no chiqueiro.Ou o Flamengo, que assumiu o urubu, e atualmente tem torcida organizada que leva seu nome. Sugiro à torcida que teça uma enorme bandeira com um bambi muito másculo sentado à mesa, devorando os restos de um porco e de um gavião! Que ela invente cânticos divertidos sobre isso.
Proponho à diretoria que encampe essa idéia, e siga indicando que somos um time moderno, um espaço para o qual convirjam pessoas de toda sorte, independentemente de suas preferências sexuais. Vai fazer um bem danado para a imagem e para os cofres do clube. Inclusão é palavra que deve nos orgulhar, não nos envergonhar.
A Terra será um planeta muito mais habitável à medida que aprendamos a soletrar a palavra igualdade. Nós, tricolores, devemos dar o exemplo. Que ele seja dotado de bom-humor.
Em coro, nos estádios país afora, ou onde quer que estejamos, gritaremos: bambis, bambis sim senhor!
*Fernando Gallo é são-paulino fanático, jornalista dos bons, heterossexual, trabalha na CBN e seu último desejo é ser empalhado em sua cadeira cativa no Morumbi, em posição de comemoração de gol.
Nota do blog: fosse são-paulino, o dono deste blog assinaria embaixo (coisa semelhante ocorreu, quando no RJ,associaram o Vasco à bandidagem). E conta um episódio.
Em 1983, cerca de três anos antes de a torcida palmeirense adotar o porco, este jornalista, numa reunião em Parque Antarctica, presidida pelo então vice-presidente do clube, Márcio Papa, teve a petulância de propor a adoção.Quase apanhou...
Imagino que, agora, a reação não vá ser muito diferente. Mas o texto de Fernando Gallo tem o mérito de abrir corajosamente a discussão. Daqui a alguns anos, quem sabe... Em tempo: não serão aceitos comentários ofensivos, preconceituosos etc.
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