29 de março de 2011

Fortunato Rocha Lima: a paciência acabou!

Cinco “fogueiras” alimentadas por pneus e tudo mais o que se podia encontrar. Além de interditar a via, a altura da fumaça preta, que podia ser avistada a quilômetros de distância, foi a maneira encontrada por moradores de três bairros bauruenses cortados pela rua Laudze Garcia Menezes para chamar a atenção das autoridades e pedir mais segurança. No último sábado, pai e filha morreram atropelados na rua, que funciona como marginal da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, a Bauru-Marília.

Na ocasião, o coletor de recicláveis Valdecir Monteiro, que completou 48 anos exatamente no dia da tragédia, e sua filha caçula Gabriela, de apenas 4, foram atingidos por um Renault Clio conduzido por Joyce Aparecida de Oliveira, 20 anos. Com a morte de ambos, a população, que já viu acidente semelhante no fim do ano passado, deu para  as autoridades locais uma verdadeira mostra de organização popular,  explondindo toda a sua revolta para fora e pedindo mais sinalização e segurança.

Ontem, o posicionamento revoltoso ficou mais quente, literalmente. Em cinco pontos da rua em questão, os moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado fizeram barricadas com fogo. Como combustível para as chamas utilizaram pneus, galhos, colchões, panos, entre outros objetos.

Sob os gritos de “queremos lombada” e “justiça a Valdecir e Gabriela” (as vítimas fatais do fim de semana), a população se aglomerava por todos os segmentos da rua. A posição de todos era unânime em pedir obstáculos a fim de reduzir a velocidade dos automóveis que passam pelo local.

Maria Aparecida da Silva tem 23 anos. Desses, 12 viveu em uma residência nas proximidades da Laudze Garcia Menezes. “O movimento de carros é muito grande. E eles passam correndo demais. Existem escolas e igrejas e é muito perigoso. Não aguentamos mais esse tipo de acidente e, por isso, viemos protestar”, desabafa.

Segundo ela, o fluxo é constante em diversos horários, porém, há picos de maior movimentação. “O pior horário é depois das 16h e durante todo o fim de semana. Nessas horas, fica um movimento enorme aqui. Como não tem lombada, o povo corre mesmo”.

Fátima Benedito Lisboa, 43, mudou-se há menos de um ano para o Parque Jaraguá e já percebeu o tamanho do risco concentrado na via. “Tenho uma filha de 7 anos. Não aguento mais isso. É uma preocupação enorme. Tem carros que passam a 140 km/h. É um absurdo, principalmente porque a quantidade de crianças aqui é muito grande”.

Fora o fato de que há um grande número de crianças circulando pela rua Laudze Garcia Menezes. Segundo apurado, o limite máximo de velocidade na via é de 40 km/h.Segundo os moradores, a periculosidade da rua Laudze Garcia Menezes sempre foi uma grande preocupação. De acordo com Solange da Silva, 43 anos, presidente da associação de moradores do Parque Jaraguá, foram feitos vários pedidos de lombadas ao local. “Faz três anos seguidos que estamos mandando abaixo-assinado e pedindo mais segurança aqui. Mas ninguém faz nada. Pedimos lombada, mas falaram que aqui é uma ‘rua morta’ e que não precisava. Como não precisa? Nessa área, contando aqui e a rodovia, já foram oito mortes este ano”.

A presidente da associação adianta que protestos como o de ontem vão continuar até que uma atitude seja tomada. Para hoje, outra “queima de pneus” está agendada para as 16h na via, em frente a uma igreja no Jardim Eldorado. Apesar do tom sério do protesto, outra moradora ainda se refere ao problema da dengue em Bauru (que o nosso “secretário municipal” de Saúde finge não ver, ou não está nem aí para isso) para mostrar que a ação não terminou ontem. “Se depender da gente, vamos resolver esse problema da dengue também, porque vamos queimar todos os pneus que estão juntando água parada na cidade”, alfinetou Maria Aparecida da Silva.


Solange da Silva, presidente da associação, é ainda mais incisiva ao apontar que, caso algo não seja feito, as ações serão intensificadas. “Se ninguém fizer um obstáculo, nós é que faremos. Se o fogo não resolver, vamos quebrar o asfalto e os carros vão ter que passar mais devagar”, completa, em tom de promessa (está mais do que apoiado!).


Por conta do protesto e das barricadas de fogo feitas na rua Laudze Garcia Menezes ontem, cinco viaturas da Polícia Militar (que deveriam estar atrás de criminosos de colarinho branco, e não do povo que reivindica seus direitos!) e outra unidade do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão no local. A orientação era apenas preventiva. Segundo os bombeiros, além de haver o perigo da propagação do fogo pelo mato e residências nas proximidades, o fato mais preocupante era a extensa fumaça preta originária dos pneus queimados.

O vento carregou todo resíduo para cima, entretanto, o alerta era para uma possível mudança que levaria a fumaça para a rodovia. Com esse fato - que felizmente não ocorreu -, a visibilidade dos motoristas poderia ser prejudicada e novos acidentes poderiam ter ocorrido.

A PM também, de forma preventiva, acompanhou o protesto à distância (se viessem o bicho ia pegar). Como foi apenas uma manifestação pacífica, nenhuma atitude foi tomada pelos policiais (e o medo deles? Isso não conta?).
 
Na noite de ontem, o “presidente” da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Nico Mondelli, declarou que será concluído um estudo para analisar os pontos que necessitam de lombadas no local. Todavia, afirmou que “serão pintadas faixas amarelas de sentido duplo na rua” e que vai conversar com o prefeito Rodrigo Agostinho (que deveria deixar de ser bunda-mole e ter ido lá ver pessoalmente a situação da rodovia!) para que “a área seja tratada como prioridade e que seja agilizada a implantação de algumas lombadas na via”.

Em relação aos radares, o presidente da Emdurb disse que a possibilidade é remota, pois “não há essa necessidade”. Durante o protesto de ontem, os moradores também exigiram calçadas, uma vez que elas não existem em nenhuma das margens da via. O secretário municipal de Obras, Eliseu Areco, disse que vai analisar a questão para saber de quem é a responsabilidade.

“Ao longo daquela rua, existem três setores envolvidos: os moradores, que são os particulares; a prefeitura e o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Iremos verificar de quem é a responsabilidade em cada parte daquela área para tentar resolver o problema”, informou.

Quiçá houvesse mais manifestações, ocupações, mais confronto com a ordem estabelecida! Assim estaríamos avançados no movimento popular, mas um militante popular não pode esconder seus objetivos. Aprendemos pela dor, na vida política, que ou se é santo, ou se é ladrão, pois não dá para acender uma vela ao santo e outra ao diabo. Todo apoio aos moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado, todo apoio ao povo do  Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá , Jardim Eldorado e região! Venceremos! Para encerrar, citarermos um pensamento, uma “máxima” do marxismo, nas palavras do próprio Marx:

“Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e suas intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda ordem social existente!”

Violência, isso, violência, aquilo... Democracia não se faz assim.... Tem de ser dentro da lei... blá...blá...blá... Chega!! Chega de hipocrisia! Chega de atacar os pobres quando estes se levantam. Devem reagir com violência sim, nem que para isso seja preciso fazer como fez a galera do Movimento de Libertação dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MLST, que  é um movimento pequeno, mas com muita força, e foi criado a partir de uma dissidência de integrantes do MST, na década de 1990, atuando essencialmente nos estados de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, quando em 2002, invadiram o Congresso Nacional, a dita“casa do povo”,  e vendo a ação dos quase 500 trabalhadores do movimento, que ao serem barrados pela segurança do congresso resolveram exercer o seu direito de entrar lá na marra, como afirmou o Sr. Aldo Rebelo(PC do B-SP), com a sua boca de caçapa, que “o Partido Comunista do Brasil, que apóia e sempre apoiou a luta dos trabalhadores rurais por suas justas bandeiras, vem a público repudiar os atos de violência e vandalismo perpetrados, na tarde de hoje, na Câmara dos Deputados. Atos dessa natureza --inconseqüentes e irresponsáveis-- se voltam contra o próprio interesse dos trabalhadores e de seus movimentos. Ao mesmo tempo, o PCdoB apresenta sua solidariedade e respaldo ao presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, por suas ações em defesa do Poder Legislativo”  (vai lamber sabâo ,Aldo!), e anida por cima,  foram presos e mais uma vez, se criminalizou o movimento social, sendo que na verdade a pauta do MLST era extensa, e eles tinham uma carta a ser entregue aos deputados, entre as reivindicações o fim da lei que impede a reforma agrária em terras ocupadas. Mas como sabemos, o Congresso, ou melhor, o Chiqueiro Nacional é um lugar “íntegro”, de justiça, de aplicação das leis e deve manter a ordem, ou seja , tem sim que reagir à violência cotidiana, nem que precise arrebentar  com paus e pedras a Câmra Municipal de Bauru e afins, e a falta de direitos!! A classe média critica aqueles que comentem ações “não-civilizadas”, mas que santa hipocrisia, criticar a cidadania daqueles que não têm direitos! O corajoso protesto dos moradores dos bairros Fortunato Rocha Lima, Parque Jaraguá e Jardim Eldorado,  é, na verdade, uma reação à condição que vivem milhões de brasileiros da periferia de Bauru, que são tratados como criminosos por serem corajosos e desafiarem de peito aberto a ordem! Ordem da exclusão!

Nenhum comentário: