17 de março de 2011

Lenda da Pedra do Guindaste

A cidade de Macapá, capital do estado do Amapá, tem uma área de 6.563km2 e está localizada no sudeste do estado. Sem ter ligação por rodovia com outras capitais brasileiras, ela contava em 2009, segundo pesquisas do IBGE, com uma população de 366.484 habitantes, sendo considerada por isso a quinta cidade mais populosa do norte do Brasil, atrás apenas de Manaus, Belém, Ananindeua e Porto Velho. Construída na margem esquerda do rio Amazonas, sua história se prende à necessidade, por parte dos portugueses, de defesa e fortificação das fronteiras do Brasil Colônia, quando ali se instalou, em 1736, um destacamento militar.

A cidade possui inúmeros pontos turísticos que revelam um pouco da sua história, cultura e religiosidade, como a Fortaleza de São José do Macapá, erguida entre 1764 e 1782 pelas mãos de negros, índios e escravos; o Marco Zero, monumento para indicar o local onde a linha imaginária do Equador divide a Terra em dois hemisférios; o Trapiche Eliezer Levy, construído na década de 1940 pelo então prefeito Moisés Eliezer Levy, com recursos fornecidos pelo interventor do Pará, Tenente-Coronel Magalhães Barata, e que com seus 472 metros de comprimento foi por muito tempo o ponto de atracação das embarcações que chegavam e partiam da cidade; a Panela do Amapá, área criada especialmente para atender o turista e valorizar a gastronomia regional, onde restaurantes servem comidas típicas da região com seus temperos exóticos. Além de outros mais.

Um deles é a Pedra do Guindaste (ó ela aí na foto), situada ao lado do trapiche e afastada da margem do rio cerca de 300 metros. Sobre ela encontra-se uma estátua de São José, padroeiro de Macapá, feita pelo escultor português Antônio Ferreira da Costa, mas colocada ali de costas voltadas para a cidade a fim de abençoar, segundo dizem, os viajantes que chegam ao lugar navegando pelo majestoso rio. A pedra original foi derrubada quando certo dia um barco de passageiros colidiu com ela, e por causa disso foi construído em seu lugar o atual bloco de concreto. Isso ocorreu por volta da década de 1940, mas sobre ambos – o antigo ponto de atracação e o novo pedestal - existem lendas que o imediatismo dos tempos modernos aos poucos vai fazendo desaparecer da memória de todos, até que amanhã provavelmente nenhum dos que pertencem às novas gerações do lugar conseguirá falar sobre qualquer uma delas, ignorando que no passado essas pequenas histórias fizeram parte da cultura de seu povo.

Dizem que o mais conhecido desses relatos ainda é contado pelos que moravam na ¨antiga rua da praia e igarapé das mulheres¨. Segundo esses cidadãos, nos intervalos das marés (de enchente e vazante) uma cobra grande, de tamanho não calculado, mas mesmo assim assustadoramente comprida na visão dos que já afirmaram tê-la visto, costuma sair do lugar onde se esconde e vem à tona por perto da pedra, para beber água. Com esse procedimento ela consegue evitar que o leito do rio cubra completamente a Pedra do Guindaste, mas se um dia alguma autoridade decidir por qualquer motivo que essa peça deverá ser retirada do local onde se encontra, as águas do Amazonas subirão tanto que a cidade de Macapá vai sumir do mapa.

Outros preferem garantir sob juramento que a Pedra do Guindaste é, na verdade, uma princesa encantada, e que todas as noites, quando os ponteiros do relógio se juntam no alto do mostrador, iniciando a marcação horária de um novo dia, ela aparece como se vindo do nada, mas logo depois desaparece, retornando sabe-se lá para onde.

Uma terceira versão sustenta que na hora da meia-noite, que é a preferida pelas aparições sobrenaturais de tudo quanto é tipo, a pedra transforma-se num navio de ouro maciço enfeitado com diamantes e esmeraldas, e passa a navegar lentamente por aquelas redondezas como se estivesse passeando, durante um período de tempo que até hoje ninguém foi capaz de precisar com absoluta exatidão.

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