16 de agosto de 2011

O Marketing e a sua Linguagem

Todo produto criado pelo homem é um produto cultural. Uma empresa que produz sabonete tem um fim econômico, porém, não só o sabonete é cultura como a atividade dessa empresa. O capital, o lucro, a venda, o trabalho, o marketing de venda do produto são símbolos culturais, que no capitalismo se expressam a partir do individualismo. Todo ser humano é um produtor cultural ou indo além com uma definição de Antonio Gramsci: todo homem é intelectual, alguns apenas não exercem essa função na sociedade. 
A grande polêmica: o que é um produto cultural para a grande indústria cultural? E por qual motivo? 
É nessa problemática que é interessante analisar o marketing. Discordo daqueles que dizem que o marketing não cria a necessidade, que essa já existe. Na verdade ele não só cria como impõe uma necessidade ao ser humano. Ninguém nasce com a necessidade de beber coca-cola até que o produto seja criado e, enfim, seus criadores, através da propaganda, passam a imagem do seu produto ao consumidor dizendo a ele que esse produto satisfaz a sua necessidade. Mas qual necessidade? A de matar a sede ou a de experimentar coisas novas? A cada produto novo que é criado para satisfazer a sociedade, novas necessidades surgem porque é assim que o capitalismo sobrevive, criando padrões de consumo, novos modismos e tendências a cada fase de estagnação do velho produto. Assim, os meios de comunicação de massa criam valores e os impõem à sociedade criando nela novas necessidades. Jamais poderíamos afirmar o que seria do marketing sem a mídia (se é que ele existiria). Portanto o cinema, as novelas, os seriados, os programas de auditório e até mesmo os telejornais tornam-se ferramentas de marketing, pois disseminam a ideologia de uma elite que controla a ordem social. As transformações vão se apresentando de acordo com as novas necessidades que emergem com o desejo do capitalismo. Como a nossa realidade é o capitalismo, o consumo é a nossa necessidade. 
O consumo é um aspecto cultural da economia capitalista, logo, todo marketing é cultural - cultura do capitalismo. A cultura de massa existe para estabelecer hábitos de consumo. Portanto, os criadores e vendedores de produtos ao anunciarem o seu produto, seja por qual for a ferramenta de marketing - propaganda, promoção, assessoria de imprensa, eventos etc. -, estarão inseridos dentro dessa cultura alimentando-a, pois esse é o seu fim econômico - o lucro através da ideologização do hábito de consumo. Isso me faz lembrar um comercial do Washington Oliveto que contratou a irmã da Debora Block, que não era uma mulher bonita segundo os padrões do sistema, para conquistar um público através de uma padronização onde a artista dizia algo como: se esse produto pode fazer isso comigo, imagina com você que é bonita natural. 
Há ética no capitalismo? E qual é essa ética? O capitalismo em nossa sociedade é baseado no direito natural do liberalismo econômico que declara os direitos à propriedade e ao individualismo. Logo, esse sistema mantém a ética com o seu objetivo econômico, com a sociedade individualista, porém, podemos dizer que ele não é ético com os indivíduos enquanto seres coletivos e nem pretende ser porque não é a coletividade que se almeja. Para aquele que concorda com os ideais do capitalismo não achará antiético a "exploração do homem pelo homem", somente não será ético para aquele que sonha e luta por uma sociedade justa.

Dedicamos esse texto aqui a grande fera da MPB, Ana Person, cuja convivência, ainda que pouca, me mostrou o que é ser um ser humano de verdade, longe de estereótipos e rótulos.

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