Os meios de transporte públicos dão motivos para muitas discussões devido aos seus inúmeros problemas como a monopolização e precariedade das linhas de ônibus, os horários de funcionamento, a questão do passe livre para estudantes e idosos etc. dando para escrever um livro sobre o assunto com depoimentos dos cidadãos que utilizam esses meios para se locomoverem aqui na cidade de Bauru. Mas aqui estarei falando apenas da questão do vale-transporte e sua problemática.
O que me motivou a escrever a respeito do tema foram dois acontecimentos que me ocorreram no dia 27 de agosto de 2010. O primeiro foi ter recebido uma ligação através do celular sobre uma reclamação que havia feito na Emdurb questionando os seus serviços quanto ao recebimento do vale-transporte. Na época recebia do meu trabalho o vale-transporte no valor de R$1,40 que era o custo do ônibus que eu pego para sair da minha casa e ir para o trabalho e vice-versa. Porém, quando saio do meu serviço não vou direto para casa, pois faço faculdade e, assim, pego do meu trabalho para a faculdade o metrô. O valor da passagem do metrô é de R$1,88. Dois dias antes da reclamação, fui fazer o percurso trabalho-faculdade pelo metrô, só que como eu estava sem moeda para completar o vale de R$1,40 do ônibus, resolvi entregar dois vales nesse valor à cobradora. Ao entregar os vales, me foi negado o recebimento deles, pois o metrô não podia dar troco para vales-transporte e nem mesmo reter o dinheiro.
Então foi aí que entrei em contato com o órgão que supervisiona os õnibus em nossa cidade e fiz a reclamação. A informação que me foi dada é que as empresas de transporte público não têm a obrigação de dar troco para um vale-transporte e que consta na lei que o vale-transporte é para o uso do trabalhador para que se locomova de casa para o trabalho e do trabalho para casa com o valor da condução que ele informou ao empregador. O problema das leis brasileiras é que elas são feitas para ganhar votos e não para resolver problemas do povo. Essa lei do vale-transporte foi tão mal formulada (que nem a bunda de quem formulou a mesma) que colocarei aqui alguns de seus problemas:
Digamos que para ir para o trabalho possa pegar o ônibus ou moto-táxi, o que me der na cabeça, porém, ao meu empregador informei que pego ônibus porque trabalho aos domingos (o moto-táxi cobra uma tremenda facada aos domingos, principalmente depois da meia-noite). Mas aí, dias de semana quero pegar o moto-táxi por ser mais rápido. Como é que fica? Todos sabemos que moeda é um caso sério no Brasil. Terei que acordar mais cedo e enfrentar o ônibus lotado. Isso me facilita? Digamos que eu saia do meu serviço e tenha que passar no mercado, no hospital ou em outro lugar e para isso eu necessite pegar um ônibus, mas o dinheiro que eu tenho dentro do meu bolso só dá para uma corrida de moto-táxi. Não tem jeito, se eu fosse para o mercado ficaria sem as compras do mês, se eu fosse para o hospital poderia até morrer na rua e por aí vai. Quer dizer que ficamos presos a isso: casa-trabalho/trabalho-casa.
A segunda coisa que me aconteceu foi no final da tarde quando eu voltava para casa no ponto final do “meu” ônibus esperando-o sair, ouvindo uma música para relaxar depois de um dia tenso. Um passageiro ao rodar a roleta entregou ao cobrador um vale com o valor superior ao do ônibus e lhe foi negado o troco, o que deixou o pobre trabalhador indignado. O pior de tudo era que o vale dele era para ônibus, mas para os com rampa para cadeirantes, que são mais caros.
Eu fico pensando no dia-a-dia dos milhares de trabalhadores que enfrentam o estresse do trabalho e ainda tem a política jogando contra. Mas há algumas maneiras de acabar com esse problema. A melhor e mais justa forma seria um passe livre para estudantes, idosos e trabalhadores no qual o transporte seria responsabilidade do Estado para com o cidadão, mas isso somente é possível com a reformulação total do Estado não havendo nenhum interesse no atual Estado para tal ajuste. Uma outra maneira que vejo que poderia ser solução de imediato seria colocando os valores dos meios de transporte iguais, pois já que se alegou que o vale transporte é para garantir o direito do trabalhador, nada mais justo do que o valor ser igual para todos os meios e que seja barato para o trabalhador, sendo um direito verdadeiro para ele que é quem paga a passagem e necessita do transporte.
Por conta disso, sabemos que não há interesses políticos devido aos acordos entre os donos das empresas dos meios de transporte (as Transurubs da vida) e alguns de nossos vereadores, onde ambos lucram com o sofrimento do trabalhador. Está na hora de nós, o povo, que todos os dias carregamos Bauru nas nossas costas, acordarmos e agirmos, pois somos nós que colocamos dinheiro nos bolsos desses cretinos. Somos nós que necessitamos do transporte e temos que reconhecer os nossos direitos para lutarmos por eles. Somente nós, o povo, poderemos estar nesta luta.
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