8 de agosto de 2011

PT: Que Tá Pegando?

Parecia um sonho realizado quando finalmente o PT chegou ao poder, depois de tantas eleições perdidas, 2002 deveria ser mesmo o ano de glória tanto para o PT quanto para o povo, ainda que de formas diferentes. O povo chorava de alegria, pois era a hora do Brasil mudar. Mas, depois das eleições de 98, onde o presidente Fernando Henrique havia sido reeleito, o Campo Majoritário do Partido dos Trabalhadores começava a mudar a sua estratégia desviando-se da sua ideologia (ou "desideologizando") pela qual o fez ser fundado colocando mais tarde o Partido da República (ex-Partido Liberal) como seu aliado, uma partido reformista parceiro da elite brasileira.

O que é mais tocante, quando o Campo Majoritário do PT anuncia a sua mudança ideológica e a sua aliança com o PR (ex-PL), onde a presidência de FHC vinha desagradando tanto a elite como principalmente o povo, ao mesmo tempo acontecia revoltas das massas em nossos vizinhos como a crise na Argentina com o presidente Duhalde e as crises na Venezuela, Equador e Bolívia. E quem não se lembra de quando Lula afirmava que o Brasil não ia virar uma Argentina. Essa resposta foi uma esperança para o povo brasileiro ou uma resposta à elite para que acreditasse no seu futuro governo? Parece que essa aliança veio para satisfazer a elite e acalmar o povo diante de possíveis revoltas, já que Lula é o queridinho do povo.

O partido que antes era de oposição, agora vem dando passos num caminho idêntico ao que o governo anterior percorreu. Isso não é novo na política, os partidos de esquerda mais tradicionais na Inglaterra e na Alemanha, o Partido Trabalhista e o SPD, respectivamente, assumiram a mesma postura de uma guinada "ao centro". O Campo Majoritário do PT, hoje, não difere do que adota o PSDB, mesmo que o governo de FHC tenha apoiado mais as privatizações, ainda que o plano oficial do partido aprovado em 93 ainda defenda os monopólios do petróleo e das telecomunicações. Assim, o Campo Majoritário do PT se assemelha a política do PSDB, mas tentando unificar as medidas "socializantes" com as medidas de interesse à elite. O  Campo Majoritário do PT busca gerar o crescimento no Brasil mantendo a sua postura social, papel esse não colocado muito bem pelo PSDB nos últimos 8 anos. Isso não significa uma alternativa desejável à esquerda, mas sim, uma opção de "centro". Alternativas essas como solução para o povo ou para a elite? Luiz Werneck Vianna, cientista político, afirma que enquanto não houver uma esquerda forte no Brasil, PT e PSDB tenderão a brigar pelo poder. Caso venha a existir, a tendência é que os dois possam vir a se unir.

A política do Campo Majoritário do PT é a política do mercado. As reformas tributárias e previdenciárias aprovadas no congresso não diferem das reformas pretendidas no governo do Fernando Henrique, afirma o cientista político Eurico Figueiredo - e continua ele - não haveria diferença se a reforma fosse aprovada no governo de FHC.

O mais intrigante é que a nova oposição não é bem uma oposição, pois, o PT se inclina numa política na qual PSDB, PFL e PMDB, por exemplo, aprovam. A oposição hoje deveria ser de uma esquerda digna. O próprio PFL, em sua cartilha, parabeniza o Campo Majoritário do PT por estar guinando a sua política para o centro acreditando que assim ele possa estar amadurecendo a sua política até que se chegue à direita. Mas o que é uma política de centro? Isso soa como se um partido estivesse em cima do muro apoiando ora a banca, ora o povo. Mas isso não existe de jogar para os dois lados, pois, ou se está com as elites ou está ao lado do povo.

Sabemos que dentro do PT, há grupos pra lá de combativos, como por exemplo , AE, Esquerda Marxista, Juventude Revolução, entre outros, porém ,não está tão cedo assim para julgar a política do Campo Majoritário do PT, pois, de todo o tempo que já se passou o que podemos ver com os fatos é que houve uma aumento de 1 milhão de desempregados (desempregados esses sem chances de reaver o emprego, ou seja, são cargos e funções que deixam de existir) e quem está satisfeito até agora é o FMI. As elites necessitam, hoje no Brasil, de um governo de "centro" (equivale a dizer "direita moderada") que antes era ocupado pelo PSDB e agora está nas mãos do Campo Majoritário do PT. O Campo Majoritário do Partido dos Trabalhadores assumindo esse papel de "centro" provoca inquietação e desconforto nos setores esquerdistas dentro do seu organismo partidário.

FONTES:
Entrevista com Luiz Werneck Vianna, 29 de dezembro de 2003 –www.artnet.com.br/gramsci/arquiv322.htm
Entrevista com o cientísta político da UFF, Eurico Figueiredo no dia 23 de janeiro de 2004 na rede TVE.

Nenhum comentário: