Nas celebrações dos dias 21 de Abril e 7 de Setembro sempre nos lembram da coragem, do espírito de liberdade e do nacionalismo que os membros do grupo que fomentou a “grande” Inconfidência Mineira tiveram. Nossos “educadores” nos contam como esses homens eram defensores do direito do povo brasileiro de construir sua própria nação, contam da coragem que eles tiveram ao tramar contra o poderio da metrópole portuguesa, do sacrifício de Tiradentes, o nosso mártir da Independência. Mas mesmo ouvindo esses “contos” durante toda a vida escolar alguém já parou pra pensar o porque esses tão bravos homens se arriscaram tanto para tornar o Brasil um país livre? Acredito que poucos, e por isso gostaria de por meio deste simples artigo apresentar os motivos, que ao meu ver, levaram nossos “heróis” a correrem tamanho risco.
Em finais do século XVIII o mundo todo era agitado pelas idéias e revoluções Iluministas, e as elites das Minas que, em sua grande maioria, partia para a Europa para concluir seus estudos tiveram um imenso contato com as correntes liberais que floresciam e fomentavam tal situação. E esses membros da sociedade ao retornarem com esses novos ideais resolveram colocar em prática o que haviam conhecido na Europa.
O pensamento iluminista que gerou as revoluções Americana e Francesa tinha como máximas os conceitos de liberdade e igualdade, porém tais conceitos não pareciam estar nos planos dos inconfidentes, já que em seu planejamento feito para após a inauguração da república brasileira muitas mudanças não eram previstas. O verdadeiro interesse dos inconfidentes, que não passavam de aristocratas sedentos por mais poder, era puramente econômico. O motivo que os fazia tramar pelo fim do status de colônia não era nada nobre, era apenas a solução encontrada para afastar de vez o fantasma da derrama pago a Coroa portuguesa, que a muito devorava os lucros da elite mineradora.
Medidas que trariam reais mudanças na estrutura social do país, como o fim da escravidão, eram incogitáveis. Para o povo brasileiro que vivia na miséria, enquanto explorados duramente pela “nobre” elite que os inconfidentes faziam parte, não haveria mudança alguma. Os nossos libertários nacionalistas não queriam tornar livre a nação e sim somente assumir o posto de dono da colônia, que pertencia a Coroa, afinal seria um sonho para eles se livrar do quinto, que tanto os prejudicava, e tomar para si o monopólio da extração de diamantes, que era mantido pelos portugueses.
Mas alguém pode indagar, “pode ser que isso seja verdade, mas Tiradentes era diferente, ele morreu pela causa!”, e buscando prevenir que isso aconteça vamos falar aqui um pouco do verdadeiro Joaquim José da Silva Xavier. Um simples Alferes, um oficial de patente baixa do antigo exército, que já fracassara em tudo que havia tentado na vida, desde mascate até dentista, em nada prosperou. Porém devo salientar que era esforçado vivia com um dicionário de francês em baixo dos braços que usava para ler os autores iluministas, que o fizeram se apaixonar pelos seus ideais. Mas nosso amigo Joaquim José, o Tiradentes, não era muito apto para persuadir as pessoas, que normalmente o viam nos bares de Vila Rica, um pouco regado a vinho, dando vivas a república. A figura de Tiradentes foi manipulada pelos inconfidentes, sacrificada pelos portugueses como lição e hoje é usado para glorificar a classe que lhe deu o fim de sua existência.
Esperamos que essas informações tenham acrescentado algo ao conhecimento de alguns, quem sabe abertos os olhos de outros. Mas espero ter conseguido fazer que todos entendam que o Brasil jamais se tornou independente e sim apenas mudou de mãos, primeiramente para as inglesas e depois para as americanas. E assim permanecerá enquanto nossa população crescer ouvindo esses “contos” de gloria das classes dominantes sem questiona-los, só quando o povo brasileiro entender que nossa história carece de verdadeiros heróis e que nada mudará enquanto deixarmos que nos manipulem com essas “historinhas”, que buscam somente manter as massas adormecidas. Como já disse um sábio homem, o importante não é explicar e sim transformar.
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