8 de agosto de 2011

Pânico em São Paulo

Introdução:

O Brasil se assustou com o pânico criado em São Paulo, em maio de 2006, devido as ações criminosas do PCC(Primeiro Comando da Capital), que é uma facção criminosa criada em 1993, onde inicialmente tinham como objetivo combater a opressão no sistema prisional e vingar o massacre do Carandiru.

Em 2001, o PCC mostrou sua força criminosa com realização de 29 rebeliões simultâneas no estado de São Paulo. Depois do fim das rebeliões, o governo e a imprensa paulista dizem que o PCC estava acabado, num ato de total irresponsabilidade subestimam o crime organizado e o causador de sua existência que é o abismo social.

Cinco anos depois, exatamente na madrugada de 14/05/2006, começam ataques a policiais, delegacias, bancos, ônibus, estações de metrô, sem precedentes em São Paulo e no Brasil. Provavelmente, estes ataques se deram devido à transferência de 765 presos pertencentes ao PCC para presídios de segurança máxima.

Na segunda-feira, dia 15/05/2006, a cidade que não pára, parou, deixando a população totalmente desorientada, as pessoas não sabiam se iam normalmente para seus trabalhos ou ficavam em casa para se proteger de possíveis atentados. As pessoas que tentavam ir para seus respectivos trabalhos, ficaram literalmente à pé, já que muitas empresas de ônibus não deixaram seus carros circularem devido ao alto número de ônibus queimados no decorrer da madrugada.

Depois da situação relativamente controlada, e com algumas suspeitas de ter havido acordo entre o governador de São Paulo, que rejeitou qualquer tipo de ajuda federal, e o PCC, que teriam mandado chegar ao fim as rebeliões e os ataques, os policiais vão em contra-ataque, feito lobos atrás de caça, em cima até de quem não tinha nada a ver com a história, para mostrar serviço e vingar companheiros mortos.

A proposta deste texto é falar sobre causas, métodos e possíveis soluções deste problema que não é de São Paulo, e sim, brasileiro, em relação aos números da violência que a grande imprensa nos mostra a cada minuto, não se faz necessário divulgar.

Um problema que causa outro:

O que o Brasil interinho viu em São Paulo, naquele ano, foi uma pequena amostra do que acontece quando durante anos pessoas sem perspectivas são jogadas em verdadeiros depósitos de gente. Mas o que gera tantos presos? Será que as pessoas de hoje, são piores que as pessoas de ontem ou falta é presídios o suficiente para absorver os criminosos de nosso país?

O problema brasileiro se chama “Abismo social”, essa relação ingrata que existe em nosso país, onde poucos tem muito e muitos tem pouco e a propaganda constantemente dizendo a todos que você é o que você tem, gera essa legião de pessoas que buscam no crime a saída para ser alguém.

Os ditos especialistas, chegam na televisão dizendo que a lei é muito branda, tem que reduzir a maioridade penal,  falta presídio, a polícia tem de ser mais dura, os bandidos tem de ter menos regalias, etc... e aí, na maior cara de pau, vão pras ruas todos de branco, pedir paz, como se alguém fosse otário, porque não existe paz sem justiça social, seus hipócritas!!!

O problema de São Paulo e brasileiro resume-se, a má distribuição de renda, falta de educação de qualidade e o principal é a falta de oportunidades. Um ser humano que olha para o futuro e não vê nada, que se vê amanhã no mesmo lugar que está hoje, essa pessoa é um homem bomba procurando uma causa para morrer ou um motivo para matar. A partir disso, muitos “especialistas” dizem que entre os criminosos, não existe apenas pobres e sim pessoas de classe média, assim o problema é falta de rigor. Na verdade o problema é falta de perspectiva, que desta forma, acaba abastecendo o exército de criminosos não só com pessoas pobres e miseráveis, mais também com a classe média.

No Brasil, existe milhões de jovens desempregados que querem ser produtivos, ter objetivos e serem socialmente úteis. Muitos governos e governantes acham que só com comida se resolve os problemas de uma população, mas como se canta em um dos clássicos de nosso rock nacional, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.

O problema da falta de oportunidade, gera a exclusão que acaba gerando concentração de riqueza, miséria, racismo e violência. Não adianta começarmos a falar em pena de morte, prisão perpétua, trabalhos forçados, o escambau, se nós não atacarmos o problema em sua raiz, que é a falta de oportunidade desde o berço. Esse país precisa de um projeto a qual tenha como condição fundamental uma educação básica pública de qualidade em todos os municípios deste país, a valorização do setor produtivo em detrimento do setor financeiro, temos de ter a cultura de que todo o dinheiro vem de um processo produtivo e não da especulação financeira como é hoje.

Soluções para um problema que já existe:

Acima falamos das causas dos problemas e como fazer para evitá-los, mas agora temos de dar sugestões de como resolver problemas que já existem.

 
Como resolver o problema desta enorme população carcerária, onde muitos dos presos que ali estão já passaram por um processo de desumanização a qual cremos ser quase irreversível?

Primeiramente, isolar os presos de maior periculosidade, classificando-os de acordo com seus crimes, assim os colocando em presídios separados, onde sejam muito bem observados por especialistas, assim, tenham benefícios de acordo com seu comportamento e também fazendo com que cumpram sua pena de forma integral de acordo com a legislação brasileira(máximo 30anos) em regime fechado. Em segundo lugar, criar um órgão estatal de assistência social a nível federal, que desempenhe um papel parecido com o das ONG’S hoje, com ajuda comunitária em todos os níveis, onde se tenha funcionários concursados que dêem treinamento e sejam supervisores de pessoas condenadas por crimes leves, e por presidiários que passaram por um processo de regeneração e não oferecem risco a sociedade. Essas pessoas cumpririam suas penas em regime semi-aberto tendo o direito de trabalhar neste órgão até o fim se sua pena.

Consideramos importantíssimo que os presos tenham um acompanhamento contínuo de psicólogos e assistentes sociais, que dêem uma orientação a eles e a seus familiares. É importante também que os presídios sejam mais organizados, que seus funcionários tenham treinamento e melhor remuneração, as celas tenham no máximo dois presos e que o presídio seja um lugar para se cumprir pena e passar por um processo de resocialização, e não um depósito de gente.

Mudar e melhorar este país não é fácil, mais também não é impossível, podemos fazer desde que se tenha vontade política para executar um Projeto de País. Temos de ter movimentos sociais comprometidos com o Brasil e com ao brasileiros, não esses movimentos chapa-brancas,  muitos deles chefiados por políticos entreguistas lacaios do capital internacional e escravos do sistema financeiro que aí estão, que consideram mais fácil fechar os olhos ao massacre cometido em São Paulo por policiais desequilibrados e ressentidos com a morte de seus colegas.

Os policiais civis e militares de SP estavam com medo e ressentidos com as mortes de seus colegas, porém eles representam o Estado brasileiro e não podem fazer justiça com as próprias mãos, até porque muitas das pessoas mortas, nada tinham a ver com os ataques e sim, simplesmente estavam no lugar errado e na hora errada, por serem pessoas carentes que moram na periferia.

Bibliografia:

Jornal “Meia-hora” do dia 16/05/06.
Programa “Sala de Notícias” do Canal Futura.

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