29 de junho de 2010

Boi Caprichoso levanta o caneco em Parintins!!!


 Em ritmo tribal o Boi-Bumbá Caprichoso abriu a segunda noite do 45 Festival Folclórico de Parintins e balançou o Bumbódromo (a 369 quilômetros de Manaus). Com um canto de amor à terra, o boi azul e branco fez um tributo à cultura dos povos indígenas.

O Caprichoso começou chamando a galera para cantar com o Levantador de Toadas David Assayag, que chegou acompanhado da vaqueirada e do próprio boi e entoou o ‘Canto da Floresta’, toada que tem o nome do tema do bumbá neste ano.

A Lenda Amazônica ‘Wãnkô Fiandeira’, com alegoria de Rossy Amoedo que, este ano, assumiu a responsabilidade e o desafio de fazer todas as alegorias do bumbá para a segunda noite, mostrou que o Caprichoso tinha chegado para emocionar a nação azul e branca. A lenda contou a história dos Palikur, que viviam nos vales de Yama-Kinã, próximo a um lugar misterioso, onde nenhum índio poderia ir. Em um dia, a tribo decidiu se mudar para esse local, provocando a ira do grande Poráh, o deus criador e transformador dos Palikur. Furioso, ele lançou sobre seus filhos a terrível maldição dos olhos da noite.

Com adereços, ou apenas com os braços, a galera do Caprichoso deu um show de animação para acompanhar o desdobramento da alegoria, que levou para a arena uma teia gigante, com pessoas vestidas de aranhas para dar mais realidade ao espetáculo. Desta alegoria surgiu a Cunhã-Poranga Maria Azêdo, que representou a rainha das aranhas fiandeiras Wãnkô, a aranha mitológica dos Palikur. A alegoria de Amoedo tinha 30 metros de boca de cena, por 20 metros de profundidade e, aproximadamente, 16 metros de altura.

David Assayag votou a emocionar a nação azul e branca ao defender a Toada (letra e música) ‘Amazônia Catedral Verde’, de Ronaldo Barbosa e Simão Assayag. Toada que foi apresentada pela primeira vez pelo bumbá no festival de 1997. Por sua interpretação, David foi bastante aplaudido na arena.

A celebração tribal ‘Dança das Lanças’ abriu o segundo momento do Caprichoso na noite deste sábado. Nela estavam representadas sete tribos do Alto Rio Negro, que cantam, dançam e tocam seus instrumentos para invocar os espíritos de seus antepassados e celebrar o amor pela terra. Além das tribos, os Tuxauas surpreenderam na arena. Eles representaram instrumentos musicais e máscaras que caracterizam a cultura de cada nação indígena apresentada pelo bumbá.

A Figura Típica Regional ‘Caboclo Farinheiro’ mostrou detalhes da fabricação da farinha e do dia a dia do farinheiro da Amazônia. A Rainha do Folclore Brenna Dianná deu um show de garra. Ela representou Mani, a pequena índia Baré que, segundo a lenda, deu origem a mandioca. O outro momento da alegoria foi a Exaltação Folclórica ‘Raízes de um povo’, onde o Caprichoso destacou a influência do caboclo que cotribuiu para a formação cultural do povo parintinense, e também homenageou a cultura nordestina, berço do boi-bumbá.

A alegoria trouxe os itens que fazem parte do auto do boi-bumbá: a estrela maior da festa, o próprio boi Caprichoso, que fez sua evolução junto com a Sinhazinha da Fazenda Thainá Valente, o Amo do Boi Edilson Santana e a Porta-Estandarte Karinne Medeiros. A alegoria tinha 20 metros de boca de cena, por 20 metros de profundidade e 20 metros de altura.

A Vaqueirada do Caprichoso representou a carvalhada e outros folguedos nordestinos que influenciaram na formação do festival. Também fizeram suas apresentações o bailado corrido e Pai Francisco e Mãe Catirina.

Outro momento que chamou a atenção foi a apresentação das tribos indígenas Djwahô, as tribos de aranhas. Os índios da tribo Palikur realizaram uma dança de adoração, com os movimentos e habilidade de tecer teias e a astúcia dos predadores.

Para encerrar sua apresentação na segunda-noite, o Caprichoso preparou o Ritual Indígena Gavião - Ikolen, cheio de surpresas. O Pajé Waldir Santana saiu da alegoria como uma cobra grande, representando seres encantados e animais da floresta e levou a galera ao delírio. A alegoria do ritual foi a maior da noite, com 30 metros de boca de cena, por 25 metros de profundidade e 25 metros de altura.

Nas três noites do festival, o Caprichoso se apresentou com um colorido marcante, para um melhor efeito visual de arena e deixou o Bumbódromo ao som de gritos de ‘é campeão’ da galera. “Fazia muito tempo que eu não via uma apresentação como essa do Caprichoso. Ontem foi muito bonita, mas hoje foi uma apresentação imcomparável, impecável, o boi trouxe novidades, alegorias alegres e muita garra”, disse o presidente do Caprichoso, Carmona Oliveira.

Carmona disse que ficou muito satisfeito com o trabalho realizado por Rossy Amoêdo. “Ultimamente não se via mais um artista fazer todas as alegorias da noite, antigamente sim, mas isso só serviu para mostrar que o Caprichoso teve coragem e não tem medo de arriscar. Hoje veio com as alegorias de Rossy e deu certo. Se Deus quiser amanhã nós faremos outra boa apresentação e o Caprichoso será campeão”, afirmou.

Nenhum comentário: