"Quando, em um bairro de negros e brancos, espancam um negro e os negros reagem contra os brancos, dizem que é racismo; quando a polícia persegue negros todos os dias do ano, dizem que é a lei; quando uns negros reclamam da policia, dizem que são bandidos".
John Africa (maio de 1967)
Uma jovem desmaia em coma diabético depois de ser violentamente espancada pela polícia, segundo eles, porque os ameaçou. Estamos falando sobre Tyesha Miller de Riverside, Califórnia, mais uma das inúmeras vítimas da violência oficial.
Um rapaz tem seu carro abordado por um esquadrão de policiais fortemente armados no norte da Filadélfia. O jovem está cercado por um sem número de revólveres apontados em sua direção: "Mãos para cima!", mas quando alça as mãos, o cobrem de tiros; alguém disse que viu uma pistola. Dontae Dawson, mais uma vítima.
Amadou Diallo, um imigrante de Guiné, África, visita os Estados Unidos e aluga um apartamento no Bronx, Nova York. Quatro policiais chegam à entrada do edifício para investigar um crime (Diallo não está na lista de suspeitos). São disparados 41 tiros; 19 em direção ao homem desarmado. Amadou Diallo jamais regressará à África.
Inúmeros incidentes como estes ocorrem, de cidade em cidade, de costa a costa, com uma regularidade espantosa; para as "autoridades", seriam delitos graves se fossem cometidos por um civil, mas como na maioria dos casos são cometidos por policiais, em geral nem sequer os acusam.
A grande imprensa, que recebe milhões de dólares para defender as sentenças mais infames da historia, diz que a polícia "está cumprindo com seu dever", "corre perigo" ou "sente muito estresse", e que, não tem culpa nenhuma. Um em cada três casos, policiais violentos são transformados em vítimas, e lamentam que "homens corajosos" que "protegem a comunidade" estejam "com problemas", e que "sofrem em demasia".
O sofrimento das vítimas, jovens e negros, praticamente é esquecido nesta álgebra infernal que desvaloriza a vida e glorifica assassinos oficiais.
Os politiqueiros e a imprensa, mentem descaradamente em seus elogios ao assassinos confessos, os quais, em virtude de seu trabalho, chamam de "servidores públicos". Desde quando um "servidor" se porta de uma maneira tão vil, tão prepotente, tão selvagem como o fazem tantos tiras nas comunidades negras, hispanas e pobres? Como é que um "servidor" vai matar, balear, humilhar e encarcerar um público que deveria servir?
A verdade é que esses "servidores" estão a serviço da estrutura política à qual pertencem e não a serviço do povo. Estão a serviço do Estado e a serviço do capital, dos ricos, dos que detém o poder a partir de seus luxuosos escritórios, grandes corporações e bancos. Não estão a serviço dos pobres, dos despossuídos, nem dos esquecidos. Nunca estiveram!
São uma força armada que protege os interesses dos donos do capital e do status quo. A historia dos trabalhadores do país é uma historia de sangue derramado: sindicalistas espancados, baleados e reprimidos brutalmente em greves contra monopolios, cartéis e mega-corporações do capital. Quem golpeia? Quem abre fogo? Quem reprime? A polícia, a serviço de um Estado que declarou (por meio da Suprema Corte) que os sindicatos eram "conspirações delitivas" e que "a Constituição... dá por líquido e certo o direito fundamental da propriedade privada que se estabeleceu antes do governo e por isso sua legitimidade moral é intocável" [[do livro The New Class War: Reagan's Attack on the Welfare State and its Consequences, de Frances Fox Piven & Richard A. Cloward (1982), citando a An Economic Interpretation of the Constitution of the United States, de C.A. Beard (1965)]].
A voz do capital (a imprensa) e seus agentes (os políticos) se unem em um coro de aplausos aos assassinos oficiais que bombardeiam crianças com impunidade (acórdão de 13 de maio de 1985 na Filadélfia)! Que chacinam jovens e imigrantes africanos desarmados cujo único delito capital foi ser negro nos Estados Unidos.
Essa violência, oficial e quotidiana, é prova de que para o sistema a violência não é nenhum problema... sempre e desde que aponte contra o povo.
Basta! A esta terrível infâmia!
Tradução extraída de Obrero Revolucionario, 28 de março, 1999 em:
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