“Pra frente Brasil, salve a seleção”, “A taça do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa”, “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Essas são algumas das muitas frases faladas durante toda a realização da Copa do Mundo de futebol. Nessa época, o sentimento nacionalista exalta-se com uma intensidade que envolve o país todo. As pessoas saem às ruas com o uniforme da seleção brasileira, se vestem de verde e amarelo, decoram suas casas com estas cores e agitando loucamente a bandeira do Brasil; enfim, a vida fica resumida a isso. Entretanto, analisando de forma crítica, podemos perceber que esse patriotismo não se confina ao plano do futebol ou do esporte, ele estende-se ao campo das relações sociais e possui um papel de extrema importância nas relações de poder.
A política nacionalista brasileira exerce uma função primordial nas relações sociais: ocultar, ou pelo menos amenizar, as tensões sociais. Quando se glorifica a pátria intensamente como ocorre no período da Copa do Mundo, as pessoas são levadas a se dedicarem à esse enaltecimento de “seu” país e “sua” seleção de modo que os problemas sociais, econômicos e políticos fiquem em segundo plano em matéria de importância.
A terrível realidade social excludente brasileira é temporariamente esquecida, prevalecendo em seu lugar um “conto de fadas”, onde tudo é alegre, bonito e idílico. Não importa se você passa fome, está desempregado e doente, o que realmente interessa é que a “nossa” seleção ganhe e torne-se campeã para que saiamos às ruas comemorar a vitória brasileira, pois se a seleção ganha, o país torna-se mais forte e nós nos sentimos mais felizes, mesmo que isso não coloque comida na panela, pague nossas contas e, no final das contas, não acrescente nada à nossa vida material, moral e intelectual.
Atualmente, cabe à mídia (sempre ela) a função de propagadora dos ideais nacionalistas, porque afinal de contas, a mídia representa a burguesia e nada mais propício para esta que as tensões sociais sejam ocultadas. E não é somente no futebol que isso acontece. Noticia-se que as exportações brasileiras atingiram recordes e que isso logicamente é ótimo para a nação brasileira. Só não entendo porque mesmo com as exportações batendo recordes, milhões de brasileiros não têm sequer o que comer.
Além disso, o nacionalismo provoca outros efeitos negativos, destacando-se a intolerância em relação à outros países e culturas, podendo provocar um surto de xenofobia. Glorificar um país significa necessariamente menosprezar os outros, seja nos aspectos culturais e/ou nos valores e crenças.
Devemos ficar atentos ao conceito de nacionalismo e analisá-lo de modo crítico, pois esse é um conceito feito pelo e para as “elites”. Como disse Marx, “as idéias dominantes são sempre as idéias das classes dominantes”, e no nosso contexto, refletir sobre essa questão torna-se essencial para se pensar as relações de poder e dominação.
Escrito por: Tarcílio Divino Nunes
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