17 de junho de 2010

Igreja: Só Deus Mesmo Para Perdoá-la!

Como conta a história da igreja, há mais de 2.000 anos atrás, nasceu um homem que vinha para revolucionar o planeta Terra. Esse homem, que todos nós conhecemos como Jesus Cristo, passou 33 anos entre nós pregando essa revolução cristã, a qual se baseava no respeito e amor ao próximo, na caridade e na fé.

Passou-se algum tempo e Jesus Cristo acabou virando uma figura marcante para todos nós, as “suas” igrejas até hoje levam seu nome para todos os cantos do planeta.

Mas o que será que Cristo está achando de tudo isso? Bom, essa talvez seja a única coisa com a qual os religiosos não se importam. Se Jesus pregou tudo isso que nos dizem, ele não deve estar nem um pouco contente com a sua igreja.

Voltando no tempo, podemos apontar como exemplo dessa vergonha o apoio da igreja ao extermínio de vários índios americanos, podemos citar também o preconceito racial que os negros sofreram, sendo escravizados como sugestão da igreja que os chamava de “filhos do mal”. Lembram desse mandamento: amar teu próximo como a ti mesmo? Será que eles esqueceram ou será que nessa época Moisés ainda não havia recebido os mandamentos de Deus? Acho que não.

Atualmente a igreja continua com os seus “bons” exemplos. Vejam Roma, por exemplo, ou melhor, não precisamos ir tão longe, olhemos para algumas igrejas de nosso próprio país. São riquíssimas, belíssimas. Será que o mais justo não seria dividir tamanha riqueza com os que passam fome e esquecer um pouco a beleza passando a pregar a fé em lugares mais simples, sem tanto ouro e luxo? Ou será que se precisa ser rico ou estar próximo da riqueza para ter fé? Acho que essa nem Jesus entenderia.

Continuando nos tempos de hoje, vemos uma igreja que proíbe o uso de preventivos contra gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Acho que a igreja ainda acredita que o povo só tem relações sexuais depois do casamento. Não, talvez não. Já cansei de ver em jornais, “puríssimos” padres serem acusados de estupro  e pedofilia , como voltou a estourar, e que eu me lembre, padre não pode casar, imaginem então se acasalar. Aí que surge a curiosidade: Será que eles usaram camisinha? É claro que não, pois se isso ocorresse iriam arder nas profundezas do inferno.

Vocês estão achando que é piada? Então acertaram. Isso que é nossa igreja, uma verdadeira comédia, vão me dizer que nunca deram boas gargalhadas com padres que exibem uma tal “Aeróbica do Senhor”. Imaginem que ridículo, a igreja ao invés de lutar contra a banalização e alienação, colabora, deixando o povo cada vez mais tapado. Deus deve ser muito bom mesmo para aturar tudo isso. Santa igrejinha!

Quando se fala em teologia hoje, logo as pessoas imaginam religião, Igreja, fé e outros. Isso porque pensam que teologia é o estudo da religião, de Deus. Antes de falarmos um pouco sobre a Teologia da Libertação, devemos entender que à teologia está extremamente ligada a antropologia, a cosmologia, logicamente a filosofia e também a psicologia e outras gnoses. Enquanto a filosofia estuda a estrutura do ser, a teologia procura entender o significado deste, ou seja, a existência. Quando se estuda a existência, automaticamente a teologia é obrigada a estudar as crenças, as religiões, as idéias, o “sobrenatural” e outros porque a existência está e sempre esteve ligada a essas idéias mitológicas. Dessa maneira não existe uma teologia, mas várias teologias que convergem para várias epistemologias.

O homem é um ser integral, holístico. Isso significa que sua existência é construída a partir de fatores social, político, psicológico, econômico e outros. Não é possível dissecar essa formação ontológica. Notamos que a religião cristã logicamente sempre esteve ligada a esses fatores, reflexo de sua humanidade. Porém notamos um tremendo abuso desses fatores existenciais a fim de dominar as massas. Nos restringindo ao fator político-econômico, sabemos que a Igreja já dominou o mundo, com seus cofres cheios e o Estado em suas mãos. Porém o mundo cansou se ser alienado pela Igreja e até mesmo os religiosos se levantaram contra essa alienação. A Teologia da Libertação é essa reação dentro da Igreja latino-americana, lutando em prol do povo, do pobre, do necessitado.

A Teologia da Libertação tem suas raízes no marxismo. Na Alemanha, Jürgen Moltmann propôs uma teologia chamada de Teologia da Esperança. Essa propunha que toda religião é recheada de utopia e que a religião cristã deveria apresentar esperança ao povo, promovendo revolução e não servir ópio e alienação ao povo.

Porém antes de Moltmann, que publicou sua idéia em 1965, o teólogo Paul Tillich já dizia algo como socialismo religioso. A teologia de Tillich era elaborada a partir da leitura histórica e da análise existencialista. Nisso se identificava com Karl Marx. Esse método de teologizar o levou a propor uma identificação da teologia com o povo, que em sua época sentia os horrores da guerra mundial.

O brasileiro Rubem Alves apresentou em Princeton em 1969, originalmente como tese, A Theology of Human Hope (Uma Teologia da Esperança Humana). Nessa obra o teólogo volta-se para a necessidade do terceiro mundo, em especial a situação da América Latina. Porém, infelizmente Rubem Alves não conseguiu com êxito aplicar sua teologia na igreja protestante brasileira, pois sabemos como o protestantismo (nesse caso o presbiterianismo) é ligado ao capitalismo, ligação extremamente forte, pois tem seu alicerce na doutrina calvinista, em especial a doutrina da predestinação (Max Weber).

Contudo, na Igreja Católica Apostólica Romana na América Latina começou a ter uma mudança. O CELAM se reuniu na Colômbia, onde os bispos mostraram uma preocupação com os pobres e com as desigualdades.

O nome de Teologia da Libertação apareceu em 1971, através do peruano Gustavo Gutierrez, que publicou uma obra com esse título, propondo a libertação social dos povos latino-americanos. Outros nomes surgiram como: Enrique Dussel, José Miguez Bonino, o brasileiro Leonardo Boff que escreveu Jesus Cristo Libertador , Frei Bettto o pessoal do MEP (Movimento de Evangélicos Progressistas) e outros.

A Teologia da Libertação não se preocupa com os dogmas, mas com a ação dos cristãos em prol das mudanças sociais. Jesus Cristo nos foi um grande exemplo de homem que lutou pela justiça, pelo amor e principalmente pelos pobres. É uma teologia criada a partir da situação de miséria da América Latina. Ser cristão é ser agente de mudança política, estar ligado à necessidade do próximo, dos doentes e outras causas.

Muitos teólogos da Teologia da Libertação trabalham hoje em torno do ecumenismo. Leonardo Boff por exemplo, tem escrito livros voltados a mística e ao ecumenismo. Muitos interpretam a mística como colaboradora para o espírito militante. A Igreja Católica Romana no Brasil tem feito louváveis trabalhos sociais, como as pastorais voltadas à criança, ao jovem, ao idoso, ao indígena e outros grupos que vivem com dificuldades.

A salvação do povo está na libertação da opressão. Povos cristãos e irmãos devem se unir para melhor todos viverem. Particularmente não somos místico, somos materialistas. Mas parabenizamos aqui os grupos católicos , umbandistas , bem como de todas as crenças,  que mesmo através da mística, têm resgatado a necessidade de haver um mundo melhor através da igualdade social.

Chega de alienação e chega de se preocupar com a salvação do espírito. É momento de esquecermos os dogmas (bem como rixas e diferenças de opinião) religiosos e lutarmos pela LIBERTAÇÃO de nosso povo. Viva a revolução!!

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