13 de agosto de 2011

Geni, o Zepelim, as Esquerdas e Movimentos Sociais de Bauru e a Bosta Que Se Avizinha

Confessamos:, nós, do Boteco do Valente ,andamos angustiados diante do quadro que se desenha nas próximas eleições municipais: votos periféricos sendo disputados de forma jamais vista na história de Bauru. Os bairros viraram palanque de cabos eleitorais onde haviam antes pessoas abnegadas em prol do nosso povo.

A forma de ganhar o voto – efetiva por sinal – são histórias instigando o medo, desenhando um futuro infernal, onde leis injustas, pra não dizer, arbitrárias, obrigarão a periferia a se diminuir, ou descaracterizarão o estilo de ser do movimento popular de Bauru,(?).

Diante desta nossa ansiedade, ouvimos de muitos moradores dos mais diversos bairros de nossa cidade que isso é motivo de regozijo entre nós, militantes sociais de nossa cidade, os que estão em posição de virar, ou não, o jogo eleitoral, e que deveríamos aproveitar esse momento de evidência em nossa cidade (e olha que já tínhamos dado esse alerta em  Esquerda Bauruense: Luta ou Bagunça?) .

Ouvindo isso, veio até nossas cabeças a música de Chico Buarque, “Geni e o Zepelim”. Uma estória cantada que, embora escrita no período do regime militar,  continua  hiperatual  efaz mais sentido do que nunca:

A Geni, conhecida prostituta de sua comunidade, nunca foi de se negar a deitar com ninguém, seja homem, mulher, animal, ou o que fosse. A cidade, que tão bem conhecia sua vida, gostava de gritar a torto e a direito que ela era “boa de apanhar, de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni!!!”

Até que um dia, um militar veio a cidade, fazendo o papel de carrasco do Juízo Final. Avisou que,com seu estrondoso zepelim, um imenso balão com 2000 canhões, iria varrer a cidade do mapa por conta da iniquidade que nela abundava. Isso só não aconteceu por ele bater os olhos em  Geni, e em troca de uma noite de sexo com a mesma, não destruiria tudo que ali existia.

Geni, que era tida como praticante até da zoofilia, tinha restrições – na verdade, verdadeira repugnância – a deitar-se com aquele tipo de criatura vil, o militar (nítida provocação ao governo militarista da época).  É nesse ponto que uma imensa parcela do movimento popular, bem como de alguns setores da esquerda de Bauru, pode ser comparada:

Naquele dia, a classe mais abastada e nobre da cidade foi implorar aos pés da promíscua diva que abrisse uma exceção e transasse com o carrasco: a cidade em romaria, o prefeito , com dinheiro a rodo, o banqueiro e até o bispo local, de joelhos. Ela era então a “bendita Geni”.

Ela se submeteu ao homem, e este, cumpre sua promessa, deixando a cidade continuar em sua rotina normal. Mal tinha feito o sacrifício por sua comunidade, tentava dormir, mas não conseguiu: ela havia, novamente, transformado-se na “maldita Geni” pela boca do povo que a tinha até como santa quando dela precisou. 
A princípio podemos observar que Geni era desprezada pela sociedade, em segundo plano observamos que a mesma sociedade que desprezava, se humilhou perante Geni para alcançar o seu intuito, em terceiro plano, depois de satisfeito o desejo da sociedade, Geni volta a ser desprezada.

Apesar de que alguns dizem que essa música faz parte da trilha sonora na peça “Ópera do malandro”, escrita pelo próprio Chico Buarque, que retrata a discriminação hipócrita que a sociedade daquela época tinha por prostitutas, já que nessa peça Geni seria uma prostituta, eu gostaria de traçar um paralelo da história de Geni, com a nossa sociedade local e com  alguns dos nossos governantes: em relação a sociedade, as pessoas tendem a nos tratar com indiferença, mas quando precisam de um favorzinho, logo nos bajulam, depois, quando satisfeito o seu desejo, volta a nos tratar com indiferença; em relaçao a esses ditos governantes é notório a hipócrisia, pois, quando estão exercendo seus cargos, esquecem de quem os elegeu, quando está próximo de expirar o seu mandato, rapidamente começam a se lembrar de quem os elegeu, e logo em seguida vem a bajulação, quando conseguem o que querem, que é se reeleger, volta a esquecer de quem os elegeu.


Geni é o objeto do preconceito (sexo por sexo) a prostituta, a vadia, a piranha, a vagabunda, a pecadora, usada e abusada por todos, a mulher que não é gente, é doente, suja, vulgar, mas na fachada, pra todos é uma estranha, suja, desmerecedora de vida. Chico Buarque, numa tacada de gênio como essa, mostrou claramente nessa música o quanto a nossa sociendade era é e sempre será hipocrita,com seu falso puritanismo, pois Geni era odiada por todos por ser prostituta,mas bem que quando o comandante do zepelim apareceu ameaçando acabar com a cidade, todos (cagando de medo) se rastejaram aos pés dela pra salvá-los, mas quando o mesmo foi embora,o povo voltou a maltratá-la. 

Todos desejam,  todos usam, todos fantasiam, todos querem saber, todos fingem, todos escondem, todos cospem, mas na calada todos se submetem, todos  prevaricam, todos compram, todos se vendem, todos se humilham, mas na fachada,todos julgam, todos são (in) decentes.

 
O movimento popular de Bauru, procurado por uma batelada de políticos para conseguir vencer o dono do zepelim, que a todo momento ameaça, a longos e estridentes berros, pra quem quiser ouvir, mandar Bauru para o RAIO QUE O PARTA, ainda não entendeu que tem de ser preciosa apenas para a periferia, onde o mesmo nasceu e se criou, anda se prostituindo atrás de seus “homens do povo”, (e o mesmo se dá com as esquerdas locais, que tem que entender que a revolução não vai ser feita dentro de politburos nem de gabinetes, e tampouco em reuniõeznihas fechadas, onde uma meia dúzia decide pelo povo todo,  mas sim nas ruas, com a maciça participação desse mesmo povo, a quem eles tanto falam que vão defender, mas estão mostrando a esse mesmo povo o contrário, se passando por vendidos)  em troca de cargos de confiança na administrãção municipal, para colocar este ou aquele líder na liderança política.Trocando em miúdos, ou melhor, simplificando a coisa:
Geni = representação de uma boa parte do movimento popular, bem como alguns setores das esquerdas de nossa cidade (não precisa nem dar nome aos bois, mesmo porque o povo das tantas periferias de nossa cidade sabe quem sâo)
Comandante do zepelim = alguns políticos, detentores de poder midiático e empresários locais
Zepelim = iniciativa privada (representação da sociedade capitalista)
Prefeito, bispo e banqueiro = a elite na sociedade capitalista, que por sua vez, quer a destruição de Bauru.
Traduzindo: a qualquer momento, vai ter muita gente dita lutadora do povo,  socialista, que vai falar em um de nossos bairros, que fez e assou e luta pela periferia, com frases ensaiadas, palavras de ordem, citações e tal, dando uma de Che Guevara pra cima da galera (os verdadeiros, que lutam de verdade, o povo saberá reconhecer o seu merecido valor), que vai querer pagar de bonitinho pra cima do povão, e aí só se vai ouvir  neguinho de nome, e com cargo dentro de muito partido  conhecido por aqui,escutando de toda a nossa população, que a essa altura do campeonato, vai estar de  saco mais do que cheio de tanta encheçâo de  linguiça nas orelhas,  um sonoro e retumbante: ”Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni, ela é feita para apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni!…” e tendo passado tamanha vergonha, tudo o que vão ter que fazer é botar o rabo entre as pernas e sumir correndo pra nunca mais voltar!
Do jeito que eles falam, vocês pensariam que  alguns  ditos líderes sindicais, do movimento popular, de mais alguns movimentos, dos partidos, parlamentares, e doutores, aqui de Bauru, são o próprio Che Guevara, Trotsky, Marx,Lenin, ou qualquer outro revolucionário, pela maneira como eles  fazem tantos planos, e dizendo como o povo da periferia deve agir!  
Pode até ser correto fazer algumas coisas que eles dizem, mas acima de qualquer outra coisa não sigam o exemplo deles, (a velha história do FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO) porque  eles não fazem o que mandam vocês fazerem. Exigem de vocês coisas impossíveis que eles nem tentam observar.Tudo o que fazem é para se mostrar. Eles  gostam mesmo é  de se fingir de revolucionários, levando nos braços grandes caixas cheias de livros escritos por revolucionários, e colocando dísticos em suas camisetas. 
Como gostam de fazer parte da mesa, e sentar nas cadeiras reservadas nos jantares, nas Conferências, nas plenárias, na casa do chapéu e nas solenidades de inauguração! Como apreciam a consideração que se presta a eles na mídia e nas ruas! Como gostam de ser chamados de "Líder", "Doutor", "Dirigente", "Presidente","Diretor"!  Nunca deixem que alguém chame vocês assim. Porque somente o povo é que deve ser o dirigente dele mesmo e todos vocês estão no mesmo nível, como seres humanos. Não se dirijam a ninguém chamando-o de "líder", "dirigente" ou "Doutor", ou "mestre" porque somente um é o mestre de vocês, o povo. Vocês inspiram pena, líderes de movimentos, sindicatos, e partidos de nossa cidade - bandos de aves de rapina dos diabos! Vocês são como belos mausoléus – cheios de ossos de  mortos, de podridão e sujeira. Vocês procuram parecer revolucionários, mas por baixo desses mantos de líderes, estão morais manchadas de toda espécie de hipocrisia e corrupção. Vocês são tão cuidadosos em limpar a parte de fora da taça, mas o interior está imundo de exploração dos outros e de cobiça. Demagogos cegos! Limpem primeiro o interior da taça, e então ela inteira ficará limpa. Sim, vocês inspiram pena, ditos líderes de movimentos sociais e partidos de nossa cidade – cambada de hipócritas! Pois constroem monumentos aos negros, aos índios, e aos trabalhadores, que foram mortos pelos seus pais, depositam flores nos túmulos dos revolucionários que eles destruíram, e dizem: "É claro que nós nunca faríamos como nossos pais", só que dizendo isso, vocês estão acusando a si mesmos, de serem filhos de capitalistas. E vocês estão seguindo os seus passos, enchendo até em cima a medida completa da ganância deles.
Bauru, Bauru, cidade que encarcera os verdadeiros lutadores do povo, e atira bombas de gás, spray de pimenta, balas de borracha e balas de chumbo contra os que não se conformam com esse sistema que aí está! Quantas vezes os povos procuraram se libertar, e esta cidade não lhes quis permitir. Pois o povo da periferia diz isso a vocês: vocês não terão paz enquanto não se renderem ao poder popular!
Todos esses edifícios que abrigam seus poderes legislativos, executivos e judiciários, serão derrubados, e não será deixada nenhuma pedra em cima da outra! Não deixem que ninguém engane vocês. Porque muitos virão dizendo que o capitalismo pode se tornar mais humano, que os governos irão taxar de forma progressiva as riquezas dos capitalistas, porque eles querem desviar muitas pessoas do caminho revolucionário. Quando vocês ouvirem que a revolta popular explode por toda a parte em todos os países, isto não é sinal que chegou o dia da Grande Revolução. As nações e os governos da terra se levantarão uns contra os outros; haverá fome e mísseis explodirão em muitos lugares. Mas tudo isso será apenas o começo dos horrores futuros. Então vocês serão torturados e mortos, e odiados na cidade porque não marcham conforme o andar da boiada. Tomem cuidado, porque vocês estarão correndo grande perigo. Vocês serão arrastados para os tribunais, muitos  locai s ermos e terrenos baldios se transformarão em presídios onde vocês serão encarcerados e torturados, muitos de vocês voltarão a ser capitalistas, e trairão e odiarão uns aos outros. E aparecerão reformistas disfarçados de revolucionários, que desviarão a muitos. A roubalheira dos políticos será generalizada em toda parte, e muitos revolucionários serão tomados pelo desânimo. Mas aqueles que continuarem lutando firmes até o fim contra essa corja que se enraizou em nossa cidade, alcançarão a liberdade plena.E a Boa Notícia do Socialismo será difundida pelas periferias de Bauru inteira através da Rede Mundial de Computadores, para que todo o interior paulista a ouça, e depois virá o golpe final.
Vocês serão espancados perante governadores e presidentes, e acusarão vocês de serem anticapitalistas. Esta é a oportunidade que vocês tem de contar-lhes que são mesmo anticapitalistas. Mas quando vocês forem presos e submetidos a julgamento, não se preocupem com o que dizer em sua defesa. É só falarem o que o seu coração mandar. Nessa hora não serão vocês que estarão falando, e sim o seu coração. Irmãos entregarão uns aos outros à morte, pais entregarão seus filhos, e os filhos os próprios pais, para serem mortos. E todos os odiarão porque vocês são anticapitalistas. Mas todos os que aguentarem até o fim, sem renegar seus sonhos serão vitoriosos. Quando os mísseis começarem a cair sobre as cidades, fujam para as montanhas. Apressem-se! Quem estiver no seu terraço, nem entre de volta em casa. Quem estiver fora nos campos, nem volte para buscar seu dinheiro ou sua roupa. Depois de terminar esse tempo de angústia virá o Socialismo! E quando vocês virem acontecer estas coisas descritas, podem estar certos de que o Socialismo está muito próximo de acontecer de fato em nossa cidade. Está bem à porta.
Estes são os acontecimentos que darão o sinal do fim do capitalismo.
Contudo, nem nós, nem vocês, nem ninguém sabe o dia ou a hora em que estas coisas acontecerão. E já que vocês não sabem quando isso acontecerá, fiquem prevenidos. Estejam vigilantes.  

De antemão, nós, aqui do Boteco do Valente,estamos  envergonhados: Geni era meretriz, puta, vagabunda, vadia, piranha, biscate, mulher da vida, ou outros termos mais como queiram chamar as profissionais do sexo, que apesar de tudo, tem muito mais ética e decoro do que muitos políticos locais. Quando nos vendemos a troco da coisa que seja, o que passamos a ser?  Será que caminhamos para nos tornar isso? Ficam aqui as perguntas para que cada um responda de forma individual, e não conduzidas para que uma boiada alienada replique sem saber do que fala.

Um comentário:

Eduardo Ferreira Borges disse...
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